Responde: DANIEL SAMPAIO
DESABAFO: Esperar que este pequeno texto não seja salientado, na sua publicação, pelos seus aspectos de consumo mais imediato, género aquilo que eu gosto e não gosto às quintas-feiras… É que falta a reflexão na sociedade portuguesa e cada vez estamos mais atentos aos pequenos acontecimentos virtuais!
SUGESTÃO: No seguimento do desabafo anterior, sugiro aos nossos analistas mediáticos que se desloquem para junto dos problemas, antes de os comentarem apenas pelo que ouvem dizer.
Se falarem da escola, sentem-se algumas horas a falar com os miúdos e a ouvir o que eles têm para dizer; se falarem da violência urbana, é bom tentarem entrar nos subúrbios de Lisboa e Porto e verem para crer.
DISPARATE: Pensar que a Televisão é a responsável por tudo o que de mau acontece. É passar um atestado de incompetência à capacidade de visionamento dos portugueses, à sua possibilidade de «filtrar» o bom e o mau e ao seu espírito criativo. Quem somos nós para definir o que todos devem ver?
ESCÂNDALO: Falar-se da importância da família sem uma política de habitação. Como pode haver bem-estar se as pessoas não têm casa? Que interessa dar dispensa nos empregos para os pais irem à escola se a família vive numa barraca? A política justa para a família é a justa política para a habitação.
APLAUSO: Para o Ministério da Educação em proporcionar mais autonomia às escolas básicas e secundárias. Se a escola não tem autonomia para se auto-organizar, não pode progredir.
EXPECTATIVA: Face a um Prémio Nobel para outro português, para que Egas Moniz, Ramos Horta, Ximenes Bello e José Saramago não permaneçam exemplares únicos. António Damásio nas Ciências e António Lobo Antunes nas Letras são os meus próximos candidatos.
PREOCUPAÇÃO: Sem dúvida a droga. Crescem sinais evidentes do aumento do seu consumo e do fracasso das políticas tradicionais. É urgente despenalizar o consumo e fornecer substitutos químicos aos utilizadores crónicos. E atacar com força um outro problema: o uso recreativo das drogas. Acabou o tempo das flores no cabelo e das drogas como contestação da sociedade. Hoje os consumidores assim se tornaram porque se perderam no seu trajecto existencial ou porque se recriaram perigosamente com as novas drogas sintéticas.
EMOÇÃO: A música clássica: as sonatas para cravo e viola de gamba de Bach e a ópera Dido e Eneias, de Purcell.
AMOR: Sempre. O amor-paixão, o amor da amizade, o amor pais-filhos e vice-versa, o amor da coragem e do saber pensar.
SAUDADE: Permanente, do mar. Do mar da Praia Grande e do mar da ilha do Faial.
SONHO: Tornar a Faculdade de Medicina de Lisboa numa instituição livre, com produção científica de valor e a formar médicos (e não engenheiros da Medicina).
MEDO: Julgo que só tenho um, aliás pouco original: medo de morrer. O que significa, no limite, que adoro viver, mesmo depois dos cinquenta anos!
INTIMIDADE: O que gosto mais de fazer: ouvir música clássica, reler Faulkner, com a família e os gatos bem perto.
FIGURA PÚPLICA MAIS: Não tenho o culto das figuras públicas.
CALENDÁRIO: O Verão, o pôr-do-sol na Praia Grande, o calor, o tempo para estar sem pressas com as pessoas de quem gosto.
Coordenação:SOLEDADE MARTINHO COSTA
Foto: RAÚL CRUZ
(Publicado pela primeira vez na revista Notícias/Magazine do Diário de Notícias)
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