«Em 1979, como independente, fui mandatária concelhia de Maria de Lourdes Pintasilgo, pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Coube-me recebê-la, quando visitou aquela cidade ribatejana. Acompanhei-a, nesse dia, a várias localidades do concelho, e, à noite, estive presente e participei numa sessão de propaganda e esclarecimento. Admirava Maria de Lourdes Pintasilgo, pela sua inteligência, simpatia e simplicidade. Daí ter aceite o convite. Vi-a, depois, como a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro de Portugal, embora por pouco tempo, em governo de gestão. Mas não gostei da política vista por dentro. Em 1986, apoiei a campanha de Mário Soares, a convite de alguns elementos do seu partido. Fiz parte da comissão que o recebeu quando visitou Alverca do Ribatejo. Mas não gostei da política vista por dentro. Em 1997 fui apoiante de Zita Seabra, a seu pedido pessoal, quando da sua candidatura à presidência da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Mas não gostei da política vista por dentro. Há dias, diz-me a minha neta, Maria Teresa, a caminho dos quinze anos: – Quando entrar para a faculdade, vou estudar para o estrangeiro, talvez para Londres, eu e o mano. E acrescentou: – Depois do curso, podemos ficar em Londres, ou ir para outro país. Em Portugal é que não dá vó, não dá. Aqui não se tem futuro, não podemos realizar os nossos projectos. Lembrei-me, então, dos métodos dos bastidores da política que presenciei, anos atrás. A preocupação e a tristeza fizeram descer sobre mim a capa da antecipação. Os avós da Teresa e do Rafael, assim como os seus pais, não tiveram necessidade de sair de Portugal em busca da estabilidade económica e da realização dos seus projectos. Herdeiros de um 25 de Abril, a Teresa e o Rafael terão de desligar-se da família para atingirem os mesmos objectivos. O meu país rouba-me os meus netos. Nega-lhes o futuro junto de mim. Mas os senhores que mandam no meu país continuam rodeados de todos os seus netos. As suas famílias estão unidas, não há desintegração. Quando muito, os seus netos estudam no estrangeiro. Mas voltam. Porque não têm necessidade de procurar o seu futuro longe dos pais e dos avós. Porque sabem que à sua espera têm um lugar garantido, que não os faz preocuparem-se nem com o seu futuro nem com os seus projectos. Eu estava certa: não gosto da política vista por dentro. Hoje, acrescento: muito menos por fora, vista deste espaço a que se dá o nome de País. Ou seja, avaliada do lado de cá da política.»
Soledade Martinho Costa
Do livro «Uma Estátua no Meu Coração»
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