Depois da incredulidade e indignação que foi a construção na Rua Joaquim Sabino Faria, em Alverca do Ribatejo, do prédio de 5 pisos, cuja construção valeu deitar abaixo duas das moradias ali existentes; depois de termos consciência de que o mais que a comissão opositora de Alverquenses pôde fazer foi o recuo da construção, seguindo o alinhamento à face das restantes moradias e não à face dos muros dos jardins (como pretendia o construtor), o tema «Sabino Faria» acalmou e esmoreceu por uns tempo – mas não morreu. Volta não volta, lá vinha a ameaça de mais construções idênticas, previstas para o mesmo quarteirão. Isto é, de mais destruição. Como primeira medida, deixou-se degradar por completo três moradias, compradas por um construtor, com o objectivo explícito de fazer com que chovessem críticas sobre o desmazelo, a sujidade das fachadas e dos muros, e o lixo acumulado, ao longo do tempo, no interior dos jardins. As restantes vivendas, pelo contrário, apresentavam um aspecto cuidado, com flores e plantas nos jardins. No interior, algumas foram totalmente remodeladas, incluindo duas delas por uma arquitecta, que as comprou e remodelou, num trabalho exemplar, e que depois vendeu. Apesar do monstro da esquina, a rua continuava a manter a sua beleza, amplitude, e a memória autenticada do que tinha sido a vila de Alverca do Ribatejo em anos idos. Uma rua a preservar quase como uma relíquia vinda do passado. Trata-se de casas com paredes em pedra (à roda de 40 centímetros de espessura), bem construídas, algumas com 5 assoalhadas, casas de banho com janela corrida ao longo de uma das paredes, quintal em ambos os pisos, despensa no rés-do-chão e sótão no primeiro andar. Com a vantagem de os acessos serem independentes. Concordo que as terras têm de evoluir, de se expandir, mas não à custa de destruir o que se afigura como antigo. Sem memória colectiva das sociedades nada fica para falar do passado – mesmo que seja apenas de uma rua. Uma rua emblemática, que devia ser vista com acautelado rigor urbanístico por quem decide, e não levianamente e sem respeito pela preservação de um património que a todos pertence.
Soledade Martinho Costa
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