Há poucos dias, perguntei a mim própria, que comparação podia haver entre uma feira/mercado e uma livraria. Mais. Perguntei que comparação podia haver entre quem vende os seus produtos numa feira/mercado e um escritor. Quer acreditem, quer não, encontrei muitos pontos em comum.
Numa feira/mercado, o que mais se vê? Bancas. Numa livraria, o que mais se vê? Escaparates. Nas bancas das feiras/mercado, uma diversidade de produtos: legumes, frutos, flores, peixe, tapetes, roupas, sapatos, louça… Nos escaparates das livrarias, toda uma gama de estilos literários: crónica, romance, novela, biografia, história, poesia, filosofia, ensaio,,,
Numa feira/mercado, nas bancas do peixe, reparamos que os bolsos mais providos escolhem o cherne, a corvina, o salmonete, o linguado… Os menos providos, uns carapaus, umas sardinhas, umas petingas, umas cavalas… Nas livrarias quem pode, compra o livro mais badalado (nem por isso o melhor), com um preço superior. Quem não pode, contenta-se em escolher um livro mais baratinho, que lhe dê alguma garantia de boa leitura – e, quantas vezes, acerta.
Por curiosidade, a chegada dos vendedores à feira/mercado, para iniciar o seu trabalho, faz-se de madrugada, o sono agarrado à pele, enquanto a noite não despertou ainda. A essa hora, o escritor decide fazer uma pausa no seu trabalho e ir dormir.
Repare-se que, o próprio escritor, está presente em todas as feiras… de livros! Com uma diferença: em vez de estar em pé, atrás da sua banca, como qualquer vendedor, encontra-se à frente do pavilhão da sua editora, sentado numa cadeira, tipo esplanada, com uma mesinha diante de si. Para fazer o quê? Para vender as suas obras – a que acrescenta, na página do livro, a simpatia de um autógrafo. A lembrar a vendedeira da feira/mercado, que oferece, à freguesa, um raminho de salsa no final das compras!
Bastante usual nas feiras/mercado, é, também, a chamada «feira de vaidades». Algumas senhoras, costumam vestir-se, como se fossem à ópera. Nas feiras de livros, são alguns autores que se mostram como se fossem receber um Óscar.
Em termos de comparação, resta-me fazer uma pergunta: o que espera o vendedor de uma feira/mercado quando expõe, na bancada, os seus produtos? Vendê-los, evidentemente! Então, e o que espera um escritor dos seus livros expostos no escaparate de uma livraria? Exactamente o mesmo: vendê-los! O problema está em que nem sempre o vendedor de uma feira/mercado, após um dia de trabalho, faz bom negócio: faltaram os fregueses. A única diferença, é que os escritores não têm, propriamente, falta de fregueses. Quando muito, podem ter é falta de leitores.
No seu livro de crónicas Deste Mundo e do Outro, diz José Saramago: «Crónicas, que são? Pretextos, ou testemunhos?» Na minha opinião, penso que são as duas coisas. No caso destas minhas palavras terem a pretensão de ser uma crónica, a servir de prefácio, ela representaria, sem dúvida, um pretexto para justificar a capa que escolhi para este livro. Na verdade, acho belíssima a tela de Petrus Van Schendel, «A Feira», e só com o pretexto destas linhas poderia tê-la como capa. Quanto aos testemunhos, é o que vos deixo nas páginas deste livro. Para mim, todas as crónicas são testemunhos. Uns mais abstractos, mais ficcionistas, mais improváveis (ou não), outros mais simples, mais directos, mais descritivos, mais intimistas, mais confessionais. Sobretudo, se não forem, exactamente, crónicas, mas historietas – como deve ser o caso.
Soledade Martinho Costa
Capa do meu novo livro «Crónicas de Porcelana» - se, até lá, a editora não desistir, são, pelo menos, este e mais dois títulos a publicar até 2016.
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