É estranha a vida
E estranhos também os seus conceitos
O destino traçado em cada dia.
Mas erradas
Certas
Vulgares ou sublimes
As acções do Homem são as mesmas
No deslizar dos tempos.
Jamais
O que de bom ou mau
Se diga
Se alcançou ou se perdeu
Será diferente
Em mal ou bem
Daquilo que outros
Perdidos na distância
Das horas consentidas
Julgaram ser só seu também.
Na renúncia do amor
Que se ofereceu sem dar
No gesto que ficou suspenso e indeciso
No afagar da mão que ficou fria
Nas lágrimas que os olhos não verteram
Nos risos que em gargantas se calaram
Há bem um repetir
De vidas sempre iguais.
E somos nós
Seres superiores
Assim
Tão pouco originais.
Soledade Martinho Costa
Do livro “A Palavra Nua”
Ed. Vela Branca