Jorge Goes
Hei-de voltar
Um dia ao Alentejo
Que de saudades
Eu não posso mais.
Para sentir no rosto
O beijo aceso
Do vento
Quando volta dos trigais.
Hei-de voltar
Um dia ao Alentejo
Ao canto das cigarras
Pelo Verão.
Ao vulto dos pastores
Que se demoram
À procura da sombra
Pelo chão.
Hei-de voltar
Um dia
Eu sei que volto.
Para rever os meus
E a minha casa
A minha terra amiga
Como brasa
Aonde a espiga
Se transforma em pão.
Alentejo
Da urze e das estevas
Das ceifas
Dos rebanhos
Dos montados
Dos tarros
Dos safões
Dos medronheiros
Do silêncio e do Sol
Na cal pousados.
Meu Alentejo
Meu país de sede
De cânticos dolentes
Ancestrais.
Meu Alentejo
Meu país sem medo
Que de saudades
Eu não posso mais.
Letra: Soledade Martinho Costa
Música: José Cid
Interpretação; Jorge Goes
Do álbum: “Contra a Corrente”