Nasceu em Sabária da antiga Panóia (hoje Hungria) entre 315 e 317, filho de um oficial do exército romano. Estudou em Pavia, embora o pai, na intenção de afastá-lo das influências cristãs, o tenha inscrito no exército com a idade de quinze anos.
Seguindo a orientação da família, Martinho tinha por devoção os deuses que faziam parte da mitologia dos Romanos. Ainda assim, e de acordo com a lenda, numa manhã de Inverno, chuvosa e fria, perto de Amiens (França), indo ele a cavalo, viu um pobre quase nu que lhe pediu esmola. Como não tivesse consigo nada que pudesse socorrer o mendigo, servindo-se da sua espada, cortou ao meio a capa que levava sobre os ombros, para que o pobre pudesse agasalhar-se. Nessa altura, a chuva parou e o Sol rompeu por entre as nuvens a permitir o aquecimento da temperatura. Daí para cá, por esta data, a situação repete-se. Durante uns dias, parece que o bom tempo resolve voltar. É o chamado “Verão de São Martinho”, a fazer lembrar o lendário milagre.
Ainda de acordo com o mito, nessa noite Martinho sonhou com o mendigo que lhe dizia: “Eu sou Jesus e tu dividiste a tua capa comigo. Sempre que fizeres o bem aos mais necessitados, é a mim que o fazes”. Impressionado, Martinho começa a converter-se à Religião Cristã – por essa época já adoptada pelo imperador Constantino I, que permite o Catolicismo praticado livremente no Império, sendo, mais tarde, proclamado como a Religião do Estado.
Obrigado por lei ao juramento militar, que o obrigava a servir a Guarda Imperial até aos quarenta anos, mas consciente de que não poderia perseguir os seus irmãos na fé, resolve exilar-se. Certo das suas convicções religiosas, vai encontrar-se com Santo Hilário (bispo de Poitiers, França), tornando-se seu discípulo. Mais tarde (supõe-se que em Julho de 371), é por este ordenado e sagrado bispo de Tours (França).
Retirado a seu pedido, para um lugar isolado (Ligugé, perto de Poitiers), vive como um monge num local humilde, mas depressa reúne à sua volta discípulos atraídos pela sua fama de grande sabedoria e bondade. Ali, funda o Mosteiro de Lingugé e, mais tarde, junto da cidade de Tours, o de Marmontier, este com um Seminário. Opta, então, pela vida monástica, arrastando com ele outros crentes na nova religião. A sua fama espalha-se pelo Mundo, assim como as suas pregações. A sua simplicidade, bondade e despojamento, levam a que o considerem um santo. Apelidado de Apóstolo das Gálias, São Martinho ficou conhecido, particularmente, pela sua extrema caridade.
A sua vida dedicada à pregação induziu a que mandasse destruir templos dedicados aos deuses pagãos, a introduzir festas religiosas e cristãs e a defender a independência da Igreja do poder político. Atitudes nem sempre bem aceites, tendo sido, por vezes, repudiado e até maltratado. Morre em Candes (França) no dia 8 de Novembro de 397 com oitenta anos. O corpo chega à cidade francesa de Tours no dia 11 de Novembro, acompanhado por cerca de dois mil monges e muito povo devoto, sendo sepultado no cemitério à entrada da cidade.
Em 444 é-lhe dedicada uma capela, seguida, por volta de 458 ou 459 da edificação de uma basílica. Durante a Idade Média eram constantes as peregrinações ao seu túmulo, só comparáveis às que eram feitas aos sepulcros dos Apóstolos em Roma, tal a fama dos seus milagres. Ao longo dos séculos foi considerado o santo mais popular da Europa Ocidental. A crença em São Martinho era tanta que os Merovíngios (nome da primeira dinastia que reinou em França), antes de partirem para a guerra, rezavam junto do seu túmulo, levando as tropas, na dianteira, a capa do santo como talismã. Os seus atributos são um cavalo branco, uma espada e um manto. Iconograficamente, aparece galopando à frente dos exércitos.
Quanto à alegoria “Verão de São Martinho”, relaciona-se com o facto de se registarem, quase sempre no início de Novembro, alguns dias de temperatura amena e por vezes de calor. Por isso, diz o povo: “O Verão de São Martinho, é bom mas é curtinho”.
Não se lhe conhece, todavia, qualquer ligação ao vinho. Supostamente, a sua celebração resultará da apropriação ou réplica cristã, das festividades greco-romanas dedicadas a Baco, deus romano e grego do vinho, que tinham lugar em Roma e na Grécia por altura da abertura nas adegas do vinho novo (9 de Outubro). Nos países vinícolas do Sul da Europa, a data é celebrada com o vinho novo e a água-pé, estando o seu culto relacionado com a terra, as previsões do ano agrícola, festas, canções e rituais associados à abundância das colheitas.
Soledade Martinho Costa
In “Festas e Tradições Portuguesas”, Vol. VIII
Ed. Círculo de Leitores
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