As promessas que se fazem e se cumprem aos santos, resultam da fé, da devoção e do culto religioso que o povo presta aos oragos de um lugar, de uma aldeia, de uma vila ou de uma cidade – ou, tão-só, ao titular de uma igreja ou de uma capela.
Anteriormente ao século VII, as catedrais, igrejas ou localidades não possuíam santos titulares ou padroeiros. Apenas as basílicas e igrejas que conservavam as relíquias de um santo mártir podiam adoptar o seu nome como santo padroeiro ou titular desses lugares sagrados.
A partir desse século quase todas as igrejas começam a organizar-se no sentido de elegerem os seus padroeiros, sendo escolhidos, em primeiro lugar, naturalmente, as figuras do Divino Salvador e da Virgem Maria, seguidas dos Santos Mártires.
Por altura da conquista da Espanha pelos Árabes, já todas as igrejas possuíam um santo padroeiro, a dar o seu nome ao templo e a servir de patrono às comunidades.
Em documentos da Idade Média, é usual o nome das localidades ser antecedido do nome do seu padroeiro, datando dessa época o processo da constituição das paróquias formadas em núcleos sociais, a assinalar a vida comunitária e religiosa das populações.
Reposto o culto cristão após a Reconquista, reatou-se esta tradição cristã (que nunca deixou de manter-se), a englobar capelas, igrejas, mosteiros e lugares, numa reafirmação da religiosidade popular.
Os novos colonos das comunidades, que tomaram para si as terras abandonadas pelos Mouros, no sentido de as povoar e cultivar, acabaram por ser eles próprios a contribuir para devolver às populações as práticas da devoção cristã, incluindo as do culto prestado aos seus santos padroeiros, procedendo à reconstrução ou edificação de capelas e igrejas, entretanto destruídas, de modo a que o povo pudesse praticar os preceitos religiosos da sua devoção em locais sagrados.
À frente dos templos, como responsáveis e orientadores pastorais dessas mesmas comunidades, eram colocados sacerdotes, por esse tempo a designarem os fiéis porfili eclesiae («fregueses»), designação que se estendia à localidade, dando-se-lhe o nome de «freguesia» - a substituir a anterior denominação, «paróquia», actualmente recuperada, embora de certa forma circunscrita às actividades paroquiais (religiosas) de cada terra.
O processo de reorganização e formação das comunidades rurais, conquanto moroso (vai do século V ao século XI), é retomado a partir de então, agora com a igreja ou a capela sob a invocação dos santos a associar-se, em estreita união com as populações, no sentido de passar a celebrar-se em data fixa o dia dedicado ao orago, escolha a recair no seu dia litúrgico, estipulado pela Igreja Católica, ou em datas ligadas a acontecimentos importantes ocorridos no seio das comunidades e relacionados com a figura do santo.
Por outro lado, a origem das romarias deriva, supostamente, das peregrinações da era apostólica ao túmulo de Jesus, em Jerusalém, às quais se seguiram as peregrinações a Roma, capital da Igreja Católica, com grupos de peregrinos em cumprimento de promessas aos túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo.
Como alguém escreveu, «os crentes iam a Roma, romeavam, eram romeiros», diferindo das grandes peregrinações o facto de as romarias serem realizadas anualmente em caminhadas de menor percurso.
Às peregrinações a Roma e a outros santuários de invocação a Cristo ou à Virgem Maria, associaram-se depois as de veneração aos santos, acrescentando-lhe o povo a parte profana – a diversão –, ou, simplesmente, mantendo-a, vinda de épocas pré-cristãs.
Com o passar do tempo, em certas localidades, alguns dos antigos padroeiros acabaram por ter pouco significado, verificando-se, mesmo, a extinção da sua festa, quer por motivos da ruína dos templos e consequente desinteresse das populações, quer por terem sido ultrapassados, no decorrer dos anos, por uma devoção maior a outro santo.
Símbolo da fé do povo e sinónimo de protecção à comunidade paroquial – a delimitar, por vezes, o próprio território que lhe cabe, como guardião das terras e dos seus respectivos habitantes –, o santo padroeiro significa o amparo e o confidente, o protector, aquele que, por sua intercessão junto de Deus, tem a faculdade e a missão de defender e obter para quem a ele recorre, o louva e nele confia, as graças pedidas em oração e voto de promessa – particularmente, nas alturas mais precisas e difíceis da vida de cada um.
Soledade Martinho Costa
Do livro «Festas e Tradições Portuguesas», Vol.VI
Ed. Círculo de Leitores
Tela: «São Pedro», Peter Paul Rubens
RESPOSTA A LUCAS VIRIATO (que não conheço) E À FRASE, DE SUA AUTORIA; QUE ACOMPANHA ESTA FOTO: «ISTO É PERFEITAMENTE NORMAL. SE ÉS CONTRA, JÁ SABES O QUE TU ÉS.»
Não tenho muito o hábito de partilhar – e muito menos este género de fotos. Hoje, mudei de opinião. Naturalmente, por ser quase impossível ficar indiferente perante estas quatro personagens. Do mural de onde a partilhei, cada comentário era uma pedrada, uma cuspidela para o chão, uma chacota hilariante. Não vejo a foto assim. Vejo antes, quatro pessoas sem norte, à deriva, numa situação quase insustentável. Mas não lhes gabo a atitude! Por detrás do muro invisível que os separa dos seus semelhantes, adivinha-se o cansaço, a tristeza, o isolamento, o sofrimento, a segregação que, hoje conquanto mais atenuada, continua a existir, a afligir, a maltratar, a agredir, por actos e palavras, aqueles que não são e nunca virão a ser pessoas consideradas normais. As outras, as ditas normais, continuam a não se aperceber da sua tentativa quase inumana de sobrevivência. É certo que estes grupos apelam à igualdade. À integração na sociedade. Como iguais. Por isso me espanto quando fazem o contrário! Quando se apresentam desta maneira, contrariando esse seu apelo. Quem vêem eles, assim, pelas ruas onde passeiam e exibem a sua rebuscada excentricidade?! Na sua condição de deficientes – porque o são, sem sombra de dúvida – não compreendo esta sua teima em combater, em rejeitar, em não aceitar a sua condição, que os tornaria em pessoas apostadas em defender a sua dignidade, em vez de optarem por um comportamento que os transforma em seres destituídos de qualquer senso. Deficiente não é só o invisual ou aquele a quem falta um braço ou uma perna. Deficiente é, também, aquele que não mostra a deficiência, embora ela esteja lá, mas não à vista – neste caso, a deficiência do sistema orgânico que afecta a maioria destes grupos. Ou seja, de uma maneira simplista, o excesso de hormonas femininas num homem ou de hormonas masculinas numa mulher. Todavia, tudo bate certo na sua incongruência! Se um homem dito normal tem tendência para se agradar de mulheres; se uma mulher dita normal tem tendência para se agradar de homens, então, é natural que um homem com excesso de hormonas femininas tenha tendência para se agradar de outro homem, ou uma mulher com excesso de hormonas masculinas de se agradar de outra mulher! Lamentável é que se defendam de um erro da natureza, provocando visualmente o próximo, como é o caso dos desfiles gays e desta e de outras fotos similares. Tive, durante muitos anos (até ao seu falecimento) um amigo gay. Vinha frequentemente a Alverca do Ribatejo tratar dos seus negócios. Vivia em Inglaterra e tinha livros de poesia publicados. Em certo ano, estivemos no Algarve, juntamente com o seu companheiro. Não falando dos muitos mais amigos gays que tenho e que se encontram ligados às artes, sobretudo à literatura e ao espectáculo. Não sou racista nem homofóbica! Lamento, isso sim, a vida por vezes complicada destas pessoas. Mesmo assim, não aceito este género de chamada de atenção para os seus problemas (difíceis de resolver). Considero semelhantes atitudes de pouca inteligência. Não será por este meio que receberão mais apoio ou mais aceitação. Não será com todo este exibicionismo gratuito que conseguirão alcançar aquilo que tanto desejam: a igualdade entre sexos. Liberdades, essa, já a têm – embora, continuando a pagar por ela um preço demasiado elevado.
Soledade Martinho Costa
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