Não gostava de morrer
Nos braços da madrugada
Antes de o Sol nascer
A debruar com um beijo
O nome desta cidade.
A morte devia chegar de noite
De preferência quando o silêncio é total
E há corpos que desistiram de sorver o ar
Quando há cansaços e lágrimas
No desamparo dos minutos
E uma espera infinda que acompanha
O desfiar dos dias.
Depois do florir das rosas
Quando as aves calaram o canto
E adormeceram sem nada esperarem
A não ser que a vida
Lhes conceda a trajectória
De outro voo
Seria a hora exacta de deixar
Que os meus olhos se fechassem também.
Sem palavras, sem um gesto
Apenas reclinada na minha sombra
A sonhar com um lugar distante
A pontuar aqui e além
No meu tear de afectos
Todos os nomes vindos da infância.
A esperança a incidir sobre o meu rosto
Como uma estrela verde
A segredar que sim, que não me engano
Que sigo ao encontro de quem espero
Sem ter pelo meio o vidro dos retratos.
E de mão dada com vultos que são anjos
Seguirei na rota desejada
A deixar para trás o que foi meu
Talvez com um pouco de saudade
Mas limpa de remorsos ou de culpas
Testemunhado na minúcia dos meus actos.
Soledade Martinho Costa
(Inédito)
Tela: Christian Chloe
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