Porque os tempos não eram
O que hoje são
Mais a voz se elevou
A romper trevas
A inundar de luz a escuridão
Rompeu feita coragem
Sem medo ao medo
A fustigar as normas
E o preconceito
Que regia a mulher e a nação.
No mesmo jeito
Três Marias souberam
Denunciar a palavra calada e ofendida
Como se fora um só nome e uma só mão.
Soledade Martinho Costa
Do livro a publicar «O Nome dos Poemas»
Casas de Lisboa
Viradas ao Tejo
Vestidas de Sol
Com cortinas de renda.
Casas de Lisboa
Viradas ao Tejo
Que lhes conta segredos
De reis e de infantes
De audácias distantes
De naus e degredos.
Casas de Lisboa
Varandas amigas
De pardais e pombos
Com gente que fala
No jeito que temos
A Língua que somos.
Com gente que embala
Os sonhos esquecidos
Os sonhos perdidos
Na dança das ondas.
São pedras
Postigos
E portas fechadas
Janelas
Telhados
E degraus de escadas.
São muros
Mirantes
Jardins e calçadas
E tantos amantes
De vidas passadas.
Largos e igrejas
A lembrar fogueiras
Lendas verdadeiras
De um País amado
De um País saudade
De faces trigueiras.
E o que o Tejo diz
E o mais que lhes diga
Escuta-se no vento
Como em voz amiga.
Palavras que trazem
Alma marinheira
E a cor da cidade
No Cais da Ribeira.
Soledade Martinho Costa
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