Que caminhos busquei
Que mos negaram
Que muros tacteei
Que mos ergueram
Que mundos descobri
Que mos calaram
Que algemas me impuseram
Que as vesti.
Em que espelhos
Revi a minha fronte
Em que sonos dormi
O meu cansaço
Em que chão
De escravos e de donos
Coloquei os poemas
Com que dantes
Meu punho virgem
Vestia de miragens.
Em que céus
De fábulas e contos
Em que sonhos
Crenças e vontades
Respiro ainda o milagre
Com que faço
Resplender
Com a luz dos diamantes
A escuridão
Dos dias calcinados.
Soledade Martinho Costa
Fui visitar Nossa Senhora da Piedade à sua capela, em Loulé (Algarve). Levei-lhe flores e velas – e tirei-lhe este retrato!
A primitiva capela de Nossa Senhora da Piedade, em Loulé, foi edificada em 1553, no cimo de um outeiro, tendo ficado parcialmente destruída com o terramoto de 1755. Quando da sua recuperação em 1760, foram significativas as alterações a que foi sujeita, tanto no seu interior como no exterior. Datam dessa época as pinturas do tecto e o actual retábulo, atribuídos ao entalhador louletano João da Costa Amado. O douramento foi efectuado em 1764, supostamente, pelo pintor e dourador Diogo de Sousa e Sarre, que terá estofado ainda a imagem da padroeira. Trata-se de uma escultura em madeira, de pequenas dimensões (90cmx40cm), executada nos finais do século XVI ou inícios do século XVII. Nos finais do século XIX, com a reformulação da fachada principal, procedeu-se à execução de dez painéis figurativos nas paredes laterais da capela-mor e da nave, pintados sobre estuque, com cenas da Paixão de Cristo, trabalho da autoria do pintor farense José Filipe Porfírio.
Esta obra pictórica foi, ao longo do tempo, completa e lamentavelmente danificada pelo fumo das velas acesas no santuário mas, principalmente, pelos nomes e frases escritas pela mão de visitantes portugueses e estrangeiros, sobre as belíssimas pinturas, numa atitude de absoluto desrespeito pela arte e antiguidade que representavam. Esse facto levou ao encerramento da capela ao público durante alguns anos. Nos meados do século XX tem início a construção de um novo templo de grandes e modernas dimensões no mesmo local. (Como mostra a foto acima).
A capela primitiva, actualmente reconstruída (e, deseja-se, preservada de quaisquer vandalismos no que respeita às pinturas entretanto restauradas), encontra-se de novo aberta ao culto dos fiéis.
A primitiva capela de Nossa Senhora da Piedade, agora reconstruida e aberta ao público
Uma das pinturas, entretanto restauradas.
Mais uma.
E outra ainda.
Quando da edificação da moderna capela, foi construída a chamada «Casa das Velas». Ali são depositadas as velas dos crentes em louvor da Senhora ou em cumprimento de promessas.
A «Casa das Velas».
Popularmente designada por Mãe Soberana de Loulé, as festividades em louvor de Nossa Senhora da Piedade, uma das mais expressivas e singulares manifestações religiosas do Algarve, articula-se de duas formas distintas: a religiosa, no culto da fé, e a profana, na exuberante e liberal manifestação do povo. Primeiramente tem lugar a chamada «Festa Pequena», que consiste em trazer a imagem da Senhora, no Domingo de Páscoa, desde a sua ermida, no Cerro da Piedade, para a Igreja de São Francisco. Este cerimonial antecede a «Festa Grande», que se realiza quinze dias depois. Durante essa quinzena, a Mãe Soberana é exposta à devoção dos fiéis, que lhe rendem culto com vigílias, novenas e sermões. A «Festa Grande» dá-se quando a padroeira dos Louletanos regressa ao seu santuário, situado bem lá no alto, no monte santo, de onde se avista todo o concelho de Loulé.
Soledade Martinho Costa
(Fotos protegidas ao abrigo do código do direito de autor)
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