Brincaram os meninos
Uma vez mais
Com seus corcéis de sonho
Imaginados.
Lá
Onde o vento fustiga
A claridade
E se retalham em prantos
As palavras.
Brincaram com archotes apagados
Com punhais de espuma transparentes
Num barco e mar e onda
Imaginados.
Lá
Onde os velhos sem nome
Se amontoam
Com a solidão escorrendo pelos corpos
E os jovens sem rota
Se perguntam
Em filas que cerra o horizonte.
Soledade Martinho Costa
A ponto-pé-de-flor / a ponto atrás / alinhavado só / com ou sem nó / melhor: / a ponto-cruz / o dó que faz / lido assim / do avesso / este País / bastando-te somente as duas linhas / da crónica ao domingo / que nos dás.
DESABAFO: Fui eu, ou foi o resto da manada que enlouqueceu?
SUGESTÃO: Ajudem a tirar os meninos da rua e a dar a cada um o pai e a mãe que ele merece.
DISPARATE: Afirmar que a economia de mercado pensa em todos e trata de tudo.
ESCÂNDALO: Criar um mundo em que os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres e ainda por cima a dizer que isto é bom.
APLAUSO: Todos os voluntários da Terra.
EXPECTATIVA: Há sempre alguém que semeia canções no vento que passa.
PREOCUPAÇÃO: O analfabetismo funcional e a conspiração social que o alimenta.
EMOÇÃO: De cada vez que um menino aprende a pensar uma coisa nova.
SAUDADE: Pai, pai, pai.
SONHO: Cheguei ao sítio onde queria estar e que até esse momento eu ainda não sabia qual era.
MEDO: A morte.
INTIMIDADE: A nossa maior recompensa pelo preço impiedoso da maturidade.
FIGURA PÚBLICA MAIS E MENOS: Não sou capaz de pensar assim.
CALENDÁRIO: Avante pelo terceiro milénio.
Ideia e coordenação: Soledade Martinho Costa
In Notícias Magazine/1999
Nota – Clara, foi um prazer reencontrá-la ao fazer parte do meu grupo de amigos no Facebook. Como prometi, aqui lhe deixo o «Por Mão Própria», para recordar o que me respondeu há 11 anos atrás. Disse-lhe que estava a publicar os textos aqui, no meu blog, porque os achava perfeitamente actualizados. Ao reler o seu, então…
Que a (re)leitura lhe dê o mesmo prazer que me deu a mim, agora como em 1999! Mas recordo-me de uma coisa engraçada: a Clara, na altura, enviou-me um poema para inserir no texto, supondo que os poemas não eram meus, lembra-se? Pois é, aqui tem de novo os «pontos» todos que sabe dar (talvez já não ao domingo) e que continuam a mostrar-nos o «avesso» deste pobre País.
Já agora, «O Sapo Francisquinho» tem sido um dos livros preferidos dos meus 4 netos – ou pensa que o tempo não corre?
Retribuo com amizade o seu «grande beijinho»!
S.M.C.
. ANIVERSÁRIO DA MORTE DE N...
. VARINAS
. VERSOS DIVERSOS - O CONSE...
. LEMBRAR ZECA AFONSO - 37 ...
. A VOZ DO VENTO CHAMA PELO...
. CARNAVAL OU ENTRUDO - ORI...
. REGRESSO
. 20 DE JANEIRO – SÃO SEBAS...
. UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM...
. AS «JANEIRAS» E OS «REIS»...
. BLOGUES A VISITAR