Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009
Soledade Martinho Costa
Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009
Foto: «O Blog do Mota».
Com quatro netos (três «imperatrizes» e um «imperador»), estou hoje incluída no grupo das Avós. No mesmo gupo, muitas das minhas amigas.
Acho absolutamente fantástico que duas delas sejam já Bisavós. Casaram e foram mães muito cedo: ambas com dezoito anos. As filhas seguiram o caminho das mães. Às vezes, acontece. É, pois, natural que as minhas duas amigas tenham, cada uma, um bisneto.
Vem isto a propósito das Avós (e Bisavós) destes tempos: século XXI.
Se bem me recordo, quando era criança, na adolescência e depois, durante anos, era absolutamente normal ver senhoras de idade com um aspecto de «velhinhas». Sobretudo as Avós. Muito mais as Bisavós!
Minha Avó materna, Maria Estrela, era uma delas, Hoje, verifico que a sua idade, aquando do seu falecimento, nem sequer seria muita: setenta e seis anos. Mas o aspecto dela era, sem dúvida, o de uma «velhinha».
Em sua casa os espelhos de corpo inteiro estavam nos quartos. Na casa de banho havia apenas um espelho, onde só nos era dado ver pouco mais do que o rosto. O quarto da Avó Estrela não tinha espelhos. Lembro-me da cama, das mesas-de-cabeceira, de uma arca enorme, para mim cheia de segredos, de um cadeirão junto da janela e de uma cómoda. Devota de Santo António, era ali que a Avó venerava uma imagem do santo, já antiga por esse tempo. Alumiada noite e dia por uma lamparina de azeite e com um cravinho na mão – umas vezes viçoso, outras nem tanto. A imagem passaria depois a outra casa, sobre um outro móvel, legada que foi ao filho mais velho que, por sua vez, a ofereceu ao filho e este ao seu próprio filho – bisneto da Avó Estrela.
A Avó não tinha paciência (nem vaidade, julgo) para ir «mostrar-se», como diz a minha neta Teresinha, aos espelhos dos quartos. Limitava-se a mirar-se no pequeno espelho da casa de banho.
Muito menos gostava de incomodar. Isto é, de «invadir» a privacidade dos filhos. Os quartos com espelho pertenciam a três dos seus filhos que, depois de casados, não abandonaram a casa materna. Mãe de sete filhos, ficou sem dois, em dois anos seguidos. Os mais velhos. Ele de 24, ela de 21 anos. Não os conheci. Conheço as histórias.
A palavra alegria não voltaria a fazer parte da vida nem do vocabulário da Avó Maria Estrela.
Aconteceu pelo Natal, quando, ao contrário do que sempre sucedia, a família (na altura numerosa) não se reuniu na casa da Avó Estrela, mas na da sua filha mais velha, para passar a Consoada e o próprio Dia de Natal.
Na tarde desse dia a Avó Estrela entrou comigo no quarto da filha. Havia um grande espelho no quarto. Foi assim que a minha Avó deparou, inesperadamente, com a sua imagem reflectida no espelho. Atónita, surpreendida consigo mesma, o espelho revelou-lhe uma verdade para a qual não estava preparada. Num sussurro, disse-me apenas: «Ah, como eu estou velhinha, minha filha!» Adolescente, como eu era, sei, agora, que não a devia ter consolado muito. Penso ter-lhe dito: «Ora, está agora velhinha, Avó!»
A verdade, é que nunca mais esqueci esse episódio. Minha Avó Estrela viu-se no espelho como mulher. Não gostou do que viu. Na sua frente estava a imagem de uma «velhinha». E nem o seria. Teria, por essa altura, os seus setenta anos. Creio que a sua vida mudou um pouco a partir daí. Passou a lidar com uma imagem de si própria desconhecida até então.
Não encontro, hoje, a mínima razão para que as mulheres desse tempo se deixassem envelhecer assim. Talvez a falta de informação, aquela que nos chega actualmente a toda a hora. Com a menopausa, aceitava-se, resignadamente, embora de um ponto de vista errado, que as mulheres tudo perdiam: feminilidade, juventude, beleza, até o direito a serem mulheres. Como tudo isso mudou!
As avós do século XXI vão à praia, vestem biquini, andam bronzeadas, cuidam da pele, escondem os cabelos brancos atrás da pintura (na maioria loira) dos penteados, vestem roupas modernas, juvenis (agora com decotes ultra-generosos). Vão ao teatro, ao cinema, ao futebol, aos concertos musicais, sabem o nome das «bandas» e dos seus cantores, entram nas «maratonas», frequentam as universidades, os ginásios, andam a pé para manter a linha e porque convém à saúde, vigiam a alimentação. Enfim, um nunca mais acabar de precauções para que não ouçam um dia essa palavra que marcou as mulheres ao longo de gerações: «velhinha!» Bom, e tomam conta dos netos – coisa que talvez as avós de outrora não fizessem: as mães estavam em casa a cuidar dos filhos, não tinham, como hoje, a preocupação das carreiras profissionais.
Sei das excepções. Todos nós sabemos que existem. São as avós que vivem em precárias condições (ou não), sozinhas, na solidão das suas casas. São as avós que se encontram em casa dos filhos, a sentirem-se um peso, revezando-se, muitas vezes, os filhos para acolherem as mães por um prazo determinado. São as avós «depositadas» nos lares de terceira idade. Muito drama, muita tristeza, muito abandono, muita solidão. Mas sei, também, das dificuldades familiares. Das imposições actuais a que a vida familiar e profissional obriga. Nem todos o fazem deliberadamente ou por opção. Alguns, sim.
Quando a Avó Estrela adoeceu (coração muito débil), o seu quarto passou a ser a sala de estar da família. Rodeada dos cinco filhos, das noras, dos genros, dos netos, dos amigos. Hoje, quem se dá a esse «luxo»? Responda quem o souber. Só o ritmo da vida actual pode dar origem a que se instale no coração de cada um uma certa frieza, um certo desapego, uma certa distância entre aquilo que está certo e aquilo que está errado. O respeito, o dever e o amor pelas Avós parecem andar de costas voltadas. Antes assim não fosse.
Soledade Martinho Costa
Terça-feira, 22 de Dezembro de 2009
Soledade Martinho Costa
«Natividade de Cristo», Domenico Ghirlandaio, Capela Sassetti, Basílica da Santa Trindade, Florença.
Quarta-feira, 16 de Dezembro de 2009
Na sua origem, o presépio é atribuído a São Francisco de Assis, quando comemorou o Natal, de 24 para 25 de Dezembro, num bosque da sua aldeia de Cressio, na Terra Santa, em 1223, reproduzindo o nascimento de Jesus num grande presépio erguido no meio das árvores, ao mesmo tempo que celebrou missa solene perante o povo e companheiros seus.
Ainda hoje nesse local se encontra armado um presépio com figuras em tamanho natural (que a tradição popular diz ser o original construído pelo santo), chamando a Creccio um incontável número de visitantes de todo o mundo, que se deslocam ali para admirá-lo.
Primitivamente erguido nas igrejas e mais tarde, com autorização papal, nos conventos e mosteiros, os presépios começaram por apresentar figuras de madeira pintadas, espalhando-se depois a tradição (século XVI) pelas habitações particulares como um dos poucos símbolos de origem genuinamente cristã alusivos ao Natal.
Terão sido ainda os frades franciscanos a difundir pelo mundo a figuração do nascimento do Menino, divulgando os presépios, costume que se foi alargando e enriquecendo ao longo dos tempos, conforme a tradição e a crença dos povos.
Até ao século IV o presépio era representado apenas pela figura do Menino, colocada no chão, rodeada de pastores, juntamente com o boi e o jumento, enquanto somente no século VI, já com a reprodução iconográfica da Virgem Maria, a imagem de São José passou a figurar também na encenação do nascimento de Jesus.
Na Itália (século XV) as figuras do presépio passam da madeira pintada para a terracota policromada, retomando-se de novo, entre os finais do século XVII e inícios do século XVIII, as figuras em madeira igualmente policromadas agora articuladas e vestidas com indumentárias apropriadas, de acordo com o gosto dos artesãos, às quais se foram juntando outros elementos decorativos, alargando-se assim o aspecto cénico e visual do seu conjunto, cada vez mais diversificado e enriquecido.
Ainda de acordo com a tradição, é na sumptuosa Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, que se encontram algumas das tábuas do primitivo presépio de Belém. Terá sido nesta mesma basílica que na segunda metade do século V começou a celebrar-se uma missa nocturna de Natal, seguida de outra pela manhã, cerimónias que se generalizaram depois por toda a Igreja Católica até à actualidade, com as três ou quatro missas de Natal.
Supostamente, a verdadeira manjedoura de Belém de Judá terá sido destruída pelo imperador romano Adriano, no século II. Este facto terá levado o imperador Constantino, no século V, a mandar executar um presépio em ouro e prata, numa simulação do verdadeiro cenário do nascimento de Jesus de Nazaré, de forma a compensar tão importante perda.
Entre nós, pela sua originalidade, são particularmente apreciados os presépios do concelho de Barcelos (Minho), do Sobreiro (Mafra) e do concelho de Estremoz (Alentejo) – onde prestigiados artesãos ceramistas e barristas continuam a concebê-los num estilo muito próprio e numa diversidade de modelos, de dimensões e de cores.
Do latim praesepium (manjedoura) e praesepire (vedar com uma sebe), os presépios, erguidos antes do Natal, só devem ser desmontados, conforme manda o preceito, depois do dia de Reis.
Soledade Martinho Costa
Do livro”Festas e Tradições Portuguesas”, Vol. VIII
Ed. Círculo de Leitores
Domingo, 13 de Dezembro de 2009
«Madona e o Menino» (pormenor), Sandro Botticelli.
Que foi que aconteceu
Jesus?
Eu peço que me digas.
Se o meu olhar agora
É mais profundo
Se a minha esperança
É quase uma saudade
E se instalou o medo
Pelo Mundo.
Que foi que aconteceu
Jesus
Nesta Noite de Incenso
E liturgias?
Onde estão os pastores
E os seus afagos
Porque vestem de luto
Os Três Reis Magos
Que te oferecem no berço
As mãos vazias?
Que foi que aconteceu
Jesus?
Eu peço que me digas.
A razão desta angústia
Deste peso
Que em mim se fez punhal
E fez cativo.
Desta mágoa
Que me chega ao coração
Como se fosse Heródes o motivo.
Desta mágoa
Que me chega ao coração
Em línguas que não falo
Nem conheço.
Em línguas
Onde apenas reconheço
Em cada direito violado
Em cada morte
Em cada grito
O choro das crianças
Universal e aflito.
Soledade Martinho Costa
Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009
Já tenho abordado nas minhas crónicas o quanto as crianças são observadoras, perspicazes e oportunas nos seus ditos. Com muita graça alguns, outros com uma ternura imensa, tão grande, com tal profundidade, que nos fazem pensar como as crianças estão, ainda, no seu «estado puro». Comentários inesperados, em respostas, observações e opiniões, dadas de acordo com os factos que se passam ao seu redor (ou não), que nos espantam pela capacidade e espontaneidade de raciocínio, absolutamente singulares e geniais – privilégio que só a infância possui. E são esses seus ditos e comportamentos inteiramente imperdíveis, que não deixo de aproveitar para elaborar alguns dos textos que escrevo. Perpetuá-los, para que deles não nos esqueçamos é o meu objectivo. As crianças merecem isso.
Mas não falei nas suas «inconveniências», que também as têm, a demonstrar, numa espécie de contradição, o seu lado menos angelical – como seres humanos que são. Imprevisíveis, sempre, no bom e no «mau» sentido.
E porque os momentos passados continuam vivos no presente, recordo a imprevisibilidade de algumas situações, a testemunhar as tais «inconveniências» em que as crianças são igualmente peritas.
O meu neto Rafael não teria mais de cinco anos quando a mãe entrou com ele num estabelecimento em Alverca do Ribatejo. Depois de atendida, despediu-se do dono da loja, senhor já de alguma idade: «Boa-tarde e obrigada.» O Rafa, na intenção de imitar a mãe, achou por bem despedir-se também do lojista: «Adeus e uma boa vida sexual!» Com estes votos, ignoro quem terá ficado mais surpreso: se a mãe, estupefacta e envergonhada, se o dono da loja, a olhar, atónito, a criança. A mãe do Rafa nada comentou com o filho. Achou melhor. E era. Uma palavra ou frase ouvida aqui ou ali, sem lhe saber o sentido, deu, naturalmente, este resultado.
Numa outra ocasião, aí por volta dos seus sete anos, o Rafa acompanhou a mãe a uma consulta de rotina. Enquanto a mãe conversava com o médico, manteve-se sentado numa cadeira a aguardar o final da conversa. Calado e bem-comportado, como é seu costume. A dado momento, vá lá saber-se porquê, levanta-se, aproxima-se da mãe e pergunta: «Mãe, quando chegarmos a casa vais espancar-me?» Imagine-se o espanto da mãe! Felizmente, o clínico era pessoa amiga da casa. Caso contrário, a situação poderia ser embaraçosa. Sempre que me recordo deste insólito «imprevisto», não consigo deixar de rir. Quem não achou graça foi a mãe.
Estes dois episódios fizeram lembrar-me um outro, passado com o meu filho Luís Miguel. Ofereci um jantar em minha casa. O meu filho teria uns oito anos. Familiares e amigos encontravam-se à mesa. Estava o jantar no início, quando o meu filho, aproveitando um momento de silêncio, levanta na mão o garfo do peixe e faz a pergunta que me arrepiou: «Mãe, o que é isto?» Respondi com outra pergunta e um sorriso amarelo: «Então, filho, o que é isso?» E a resposta, óbvia: «É um garfo de peixe.» Estava salva a situação. A «inconveniência» do meu filho poderia levar a supor que o talher do peixe nunca vinha a mesa. Não era verdade. Os meus filhos usavam-no, frequentemente, para comer o peixe.
Ainda num consultório – o da médica pediatra do Rafael e da Teresinha –, teria o primeiro uns oito anos e a irmã seis. Ao contrário do habitual, e enquanto a mãe falava com a médica, as duas crianças pareciam ter sido possuidas por um espírito traquina: falavam alto, riam, agarravam-se, mexeram em tudo aquilo que puderam – sempre com a mãe a repreendê-los e a de nada servir. Acredite-se ou não, acabaram a rebolar no chão do consultório. Quando a mãe saiu, envergonhada, o Rafa e a Teka olharam-na com carinhas de anjo e perguntaram numa voz doce: «Mãe, portámo-nos bem?» – sabendo ambos, perfeitamente, que não. Talvez numa espécie de desafio perante a autoridade materna. Imagina-se a resposta!
O resto do dia foi passado de «castigo». Nada de desenhos animados, nada de vídeo, nada de histórias ao deitar (como era costume). Além de terem ido para a cama «com as galinhas»! Eis o remate para um episódio completamente fora do normal.
Fica o aviso: mesmo os meninos bem-comportados têm dias…
Soledade Martinho Costa
Segunda-feira, 7 de Dezembro de 2009
Criança escrava do Gana.
A petição online «Eu Não Sou Cúmplice!» (Meninos Escravos do Gana) espera pela sua assinatura. Basta clicar aqui: www.peticaopublica.com
Eu já assinei. Subscreva também – não queira ser cúmplice!
Soledade Martinho Costa
TEXTO DA PETIÇÃO
“Eu Não Sou Cúmplice!” (Meninos Escravos do Gana)
Sei dos muitos casos gritantes de crueldade exercida sobre as crianças em todo o Mundo. Sei da impossibilidade de lhes acudir. Mas sei que posso acudir aos Meninos Escravos do lago Volta no Gana. Basta escrever aqui apenas o meu nome. A minha assinatura representa a Esperança para milhares de crianças prisioneiras, com 3, 4 e 6 anos de idade. Meninos que trabalham 14 horas por dia na pesca do poluído lago Volta, escravos dos pescadores que os compram por 30 euros. Que morrem no lago, porque muitas dessas crianças não sabem nadar. Eu vou ajudar a salvá-las. Porque quero pôr termo a este genocídio.
Os Meninos Escravos do lago Volta trabalham 14 horas por dia durante os 7 dias da semana. Pagam-lhes com fome e maus-tratos – têm o corpo coberto de cicatrizes. Todos eles sofrem de doenças graves. Não lhes assiste, sequer, o direito a sentar-se.
Sei que desde 2005 vigora no Gana uma lei que proíbe o tráfico humano. Mas a lei não se cumpre. Não quero ser cúmplice deste CRIME! Não quero ser CÚMPLICE desta IMPUNIDADE!
O meu nome vai ajudar a libertar estas crianças. Para que, quem pode tome decisões. Para que um massacre destes não volte a acontecer no Gana nem noutra parte do Mundo.
O meu nome representa a imagem das Crianças Escravas do lago Volta como se fossem filhos meus!
Face ao exposto, solicitamos à Assembleia da República, ao Governo e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros o seguinte:
1 – Que o drama dos Meninos Escravos do lago Volta do Gana seja debatido na Assembleia da República, de modo a que Portugal possa ter uma actuação humanitária perante os factos descritos nesta petição.
2 – Que o Governo Português tome igual posição de protesto contra a impunidade que conduz à violência e crueldade exercida sobre essas mesmas crianças.
3 – Que o Ministro dos Negócios Estrangeiros interfira junto do Governo de outros Países, assumindo-se como representante do repúdio do Povo Português.
Sábado, 5 de Dezembro de 2009
Aos que tentaram e conseguiram
Aos que tentam e vão conseguir
Aos que já não podem conseguir
(Iº Acto)
Decisão
Dose
Dependência
Declínio
Desgaste
Decadência
Degradação
Desinteresse
Desmotivação
Desbrio
Desleixo
Desmazelo
Despersonalização
Desapego
Desafecto
Desamor.
(2º Acto)
Dissimulação
Dispêndio
Dissipação
Discórdia
Desavença
Desunião
Desassossego
Desconfiança
Desagregação
Descalabro
Dissabor
Desonra
Desprezo
Discriminação.
(3º Acto)
Desencanto
Desalento
Desânimo
Desventura
Desgosto
Dor
Desespero
Derrota
Derrocada
Desastre
Desgraça
Drama.
(4º Acto)
Desnorte
Dívidas
Desemprego
Divórcio
Desnutrição
Debilidade
Desequilíbrio
Descontrolo
Depressão
Delírio
Demência
Doença
Destruição.
Soledade Martinho Costa
Terça-feira, 1 de Dezembro de 2009
Em memória de alguém
Que amou por mim
Paisagens, cores e céus
Que nunca vi.
Que se lembrou do Sol
Ao ver as sombras
E a perguntar porquê
Olhou o mar
À procura de si
Por entre as ondas.
Em memória de alguém
Que amou por mim
Gentes, aves e flores
Que nunca vi.
Em memória de alguém
Em cuja voz
Gritei os mesmos ecos
Noutros sons.
Soledade Martinho Costa
Do livro «Reduto»