Uma casa «cheia», que certo dia, quase sem darmos por isso, se torna silenciosa, vazia e a respirar solidão, para mim, significa um drama bem difícil de vencer. Vazio feito da falta de pequenos nadas, que não pareciam importantes na altura e eram, afinal, o preenchimento, o sol a inundar de sentido a nossa vida. A partir daí, para nossa própria defesa, quase sem darmos por isso, esse começar a viver do passado, muito mais do que do presente, optando por uma mentira que nos conforte, que nos roube a tristeza, que responda à nossa voz no vazio da casa – mesmo sabendo que não é essa a realidade. Basta admitir que aqueles que abriram as asas e foram fazer outro ninho, longe de nós, estão a dois passos, sempre disponíveis para receberem o nosso carinho e os nossos beijos e para os retribuírem. Ou, então, que as nossas crianças não cresceram: filhos e netos. Que não as deixámos crescer. Basta admitir também que aqueles que já não se encontram junto de nós, familiares e amigos, continuam vivos, a fazer a sua vida de todos os dias. Basta admitir, por fim, que permanecemos jovens, cheios de força, de projectos, e a receber aquele mimo e amor que também repartíamos por todos. Acho que só assim, conseguiremos sobreviver à saudade e à solidão, com um pouco de paz, e na ilusão de não estarmos sós, mas a ter por companhia todos aqueles que amamos, que amámos – e continuaremos a amar enquanto nos for permitido. Não são apenas as crianças que brincam ao «faz-de-conta»!
Soledade Martinho Costa
. ANIVERSÁRIO DA MORTE DE N...
. VARINAS
. VERSOS DIVERSOS - O CONSE...
. LEMBRAR ZECA AFONSO - 37 ...
. A VOZ DO VENTO CHAMA PELO...
. CARNAVAL OU ENTRUDO - ORI...
. REGRESSO
. 20 DE JANEIRO – SÃO SEBAS...
. UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM...
. AS «JANEIRAS» E OS «REIS»...
. BLOGUES A VISITAR