A Teresinha cresceu. Tem agora 10 anos. Acabou o Ensino Básico e passou para o 5º ano do 2º Ciclo. Frequenta o Externato João Alberto Faria, em Arruda dos Vinhos, a cerca de 12 quilómetros de Alverca do Ribatejo, onde reside, mais precisamente na freguesia da Calhandriz. Gosta da nova escola, arranjou novas amigas, e, sobretudo, está feliz porque o irmão, o Rafa, estuda no mesmo colégio, onde frequenta o 7º ano.
Vá para onde for, a Teresinha leva consigo o «Magalhães», seu companheiro inseparável. E escreve, escreve, escreve… Desde há meses. Diz estar a escrever uma série juvenil: «É uma colecção de sete volumes!». Informou-me. Achei por bem argumentar: «E não será muito, Teresinha?». Olhou-me resoluta, resposta pronta: «Não, Avó, são mesmo sete!». Pois, então, que sejam sete. Esperemos…
Os pais gostam de ler, a Teresa desde sempre se habituou a ter em casa uma biblioteca com estantes que vestem as paredes e vão até ao tecto. Nas prateleiras de baixo, mais à mão, estão agora, ao lado dos muitos livros infantis, os livros juvenis dela e do irmão.
Não há dúvida de que o ambiente familiar propicia este género de comportamentos nas crianças. A avó escreve, o avô paterno também escrevia, a Teresinha tem vivido estes seus 10 anitos rodeada de livros, a ouvir falar de livros, a escutar histórias e depois a lê-las. O facto de dizer que quer ser escritora, é capaz de não chegar. É preciso mais. Mas pode afirmar-se que a Teka tem muita imaginação e redige bem o português. E tanto que o ambiente familiar proporciona estas vocações algo precoces, que a prima, a Soli, com os seus 8 anitos, afirma convicta: «Quando for crescida, quero ser jornalista!». A situação é idêntica à da Teresa: há influências no ar…
A Teresinha não deixou, entretanto, de usar os seus neologismos: linguar (lamber), atchingar (espirrar), ou as frases: «Vou mostrar-me ao espelho» e «Tenho tantos quefazeres!». O gosto de cantar e dançar perante o «seu público», também não o perdeu. Andou na ginástica, na dança moderna, na patinagem artística, aprendeu a andar a cavalo e nestas últimas férias a fazer surff. Por agora, depois das aulas, pratica natação. Há apenas uma novidade, que não chega bem a sê-lo, uma vez que o gosto já o demonstrava quando tinha menos idade: a roupa que veste e como se veste. A combinação das cores e os acessórios: lenços, malinhas, chapéus, óculos escuros, incluindo o que escolhe para calçar. Um destes dias, pediu à mãe uma máquina de costura. «Quero começar a fazer a minha própria roupa e preciso muito dela!». Foi a justificação. «Mas não quero ser modelo, quero ser estilista!». Acrescentou.
Eu sei que a moda está na moda. As jovens querem ser modelos, querem vestir bem (ou mal). No caso da Teresinha, ela vai mais longe, e afirma com segurança: «Quero marcar presença no mundo da moda!». Sim, que a Teresinha não faz as coisas por menos! O que mais me espanta é que não se fica por aqui nos seus objectivos. Vai ainda mais longe: «Também quero marcar presença no mundo da literatura e no mundo da política!».
Que dizer desta Teresinha, decidida no que respeita aos seus objectivos quanto ao futuro, quando ainda há dias usava fraldas e chupeta?! Só isto: como o tempo passa, como os anos voam!
Marcar presença no mundo da moda é, pois, um objectivo da Teresinha. Não é impossível, se ela quiser e souber. Marcar presença no mundo da literatura, também pode ser que aconteça, nunca se sabe. Pelo menos, já deu os primeiros passos: três histórias de sua autoria foram publicadas aqui, no Sarrabal. Resta a tal série juvenil, na qual trabalha, infatigavelmente, «mas que não tem ainda título», conforme diz. Agora, marcar presença no mundo da política é que me deixou perplexa: «Teresinha, na política, porquê?». Perguntei-lhe. «Ora, avó, por causa do ambiente, da arquitectura. Já viste o estado de certos prédios, dos muros, dos jardins? Do lixo que está em todo o lado?». Concordei. «Pois é aí que eu quero mandar. Quero acabar com a falta de limpeza, com o desmazelo dos prédios. Quero ruas e jardins bonitos e limpos e viver com asseio e beleza!»
Ai, Teresinha, se tudo fosse assim tão fácil como são os teus sonhos de menina, Portugal era o paraíso! Mas, sim, repito: quem sabe, logo se verá…
A Soli, também ela grande defensora do ambiente e da reciclagem, sabe dos propósitos da prima e aplaude. E gosta das histórias da Teresa. Quando publiquei aqui a primeira das suas três histórias, a Soli afirmou num entusiasmo: «Vou ao blog da avó ler a tua história da cabeça aos pés!». Que elogio maior podia a Teresinha receber da prima?
Estão a crescer, as minhas netas, as minhas «imperatrizes». Será que a Xana, irmã da Soli, com um aninho e meio feitos, quando andar pela idade da irmã e da prima também vai dizer que quer ser escritora ou jornalista? Que quer ser estilista ou marcar presença na política? Que outros objectivos, diferentes destes, pretenderá ela atingir? Uma coisa é certa: já gosta de livros. Talvez seja meio caminho andado. Como já disse: quem sabe… É esperar, para ver.
Soledade Martinho Costa
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