Singular celebração em honra de São Bartolomeu, tem lugar na Foz do Douro (Porto), onde o santo continua a ser festejado, não apenas com o banho ritual na praia, mas também com o tradicional cortejo de São Bartolomeu – mais conhecido pelo Cortejo do Trajo de Papel.
O desfile percorre algumas das ruas da freguesia, com centenas de figurantes, onde as indumentárias de cada um são os famosos trajos em papel de diversas cores, num misto de criatividade, beleza e colorido. Executados com sabedoria, paciência e imaginação, os fatos representam o desejo de não deixar morrer a antiga praxe, mantida até hoje com o mesmo entusiasmo, alegria e empenhamento pelas gentes da Foz. A iniciativa e a realização dos festejos (ao que parece únicos no nosso País), cabem à Junta de Freguesia, conjuntamente com as várias associações e colectividades culturais e de recreio da Foz do Douro.
Os trajos de papel, que podem ser actuais ou terem por modelo épocas passadas, conforme o gosto e imaginação dos seus autores ou de quem os veste, representam a nota dominante deste inusitado cortejo. O desfile processa-se todos os anos, para terminar no banho colectivo dos participantes e do povo que se lhe junta – este ano na praia da Senhora da Luz. Desta peculiar maneira, o banho santo poderá significar uma oferta ritual, simbolizada nos belos trajos de papel às águas do mar, tendo por objectivo receber os favores de São Bartolomeu, isto é, a profilaxia redentora do banho milagroso que irá livrar de maleitas durante o ano inteiro. Cada uma das associações e colectividades de recreio poderá escolher, anualmente, um tema alusivo, a apresentar depois pelo grupo que a representa no respectivo desfile.
Passeio Alegre.
O cortejo, que inclui carros alegóricos, sai pela manhã do primeiro domingo mais perto do dia de São Bartolomeu, celebrado a 24 de Agosto (caso este não calhe a um domingo). Este ano a saída está prevista para a Rua do Passeio Alegre – embora noutros anos tenha sido escolhido o Castelo ou Forte de São João Baptista –, sempre com um número incontável de pessoas concentradas no local, acompanhado pela Banda Marcial da Foz, para finalizar no banho santo, com os fatos de papel a serem oferecidos às ondas.
A origem da festa, considerada a mais original depois do São João no Porto, é anterior a 1869, sabendo-se que, por esses tempos, era costume acorrerem à Foz ranchos de romeiros para tomarem o banho santo redutor dos «endemoninhados» e profiláctico da epilepsia, da gaguez e do medo.
Em simultâneo efectua-se uma feira de artesanato (a incluir atribuição de prémios), com a duração de onze dias, a decorrer no Jardim do Passeio Alegre, para «incrementar o artesanato nacional», vendo-se algumas dezenas de artesãos vindos de todo o país, muitos deles a trabalhar ao vivo, embora o certame inclua algum artesanato internacional «sempre creditado pela sua qualidade».
Jardim do Passeio Alegre.
Os visitantes contam-se por milhares, não faltando a animação diurna e nocturna: teatro, música (orquestras, bandas filarmónicas e conjuntos musicais), folclore e desporto, a dar mais brilho e animação aos festejos. Realiza-se também uma missa solene celebrada na Igreja Matriz de São João Baptista.
Nicho da frontaria da Igreja Matriz de São João Baptista
A crença popular no banho santo, essa continua a persistir entre as gentes da Foz do Douro, quando afirmam que «o banho no dia de São Bartolomeu vale por 24», ou que «têm de ser 7 os mergulhos por cada banho no mar». Não excluindo a ideia de que o número de banhos «deve ser 9» – a lembrar que desde sempre este número corresponde às novenas realizadas nas igrejas, a preceder as festividades litúrgicas.
Assentes em características supersticiosas, de devoção ou crença do povo, ainda hoje se acredita que o banho de mar tomado no dia 24 de Agosto «serve de cura e prevenção contra todo o mal», sendo o malefício do «Moço» (Demo) «exorcizado pela acção da água tornada miraculosa neste dia pela virtude de São Bartolomeu», com os banhos no mar a curarem «o corpo e a mente se forem tomados consoante o preceito» - a testemunhá-lo, lá estão os banhistas no «dia do diabo à solta».
De acordo com a tradição local e com as histórias que o povo tece, São Bartolomeu foi morto e deitado ao mar, aparecendo o seu corpo nas águas da Foz no dia 24. Daí, a tradição do banho e a veneração as santo, eleito padroeiro dos banheiros.
ORAÇÃO A SÃO BARTOLOMEU CONTRA OS MEDOS:
São Bartolomeu me disse
Que dormisse
E que velasse
E que nenhum medo tomasse
Nem da onda
Nem da sombra
Nem também do pesadelo
Ele tem a mão furada
E a unha recortada
Quatro cantos tem a casa
Quatro cantos tem o leito
Quatro anjos me acompanhem
Sempre dentro do meu peito.
Soledade Martinho Costa
Do livro «Festas e Tradições Portuguesas», Vol. VI
Ed. Círculo de Leitores
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