Segunda-feira, 11 de Novembro de 2024

SÃO MARTINHO - A VIDA E A LENDA

22565378_UqpvD.jpegSão Martinho nasceu em Sabária da Panónia (actual Hungria) no ano de 316. Filho de um oficial romano, estudou em Pavia, embora o pai, na intenção de afastá-lo das influências cristãs, o inscreva, ainda muito jovem, no exército. Obrigado ao juramento militar, serve na Guarda Imperial até aos quarenta anos.
Sem abdicar das suas convicções religiosas, abandona o exército e torna-se discípulo de Santo Hilário (bispo de Poitiers, França, e padre da Igreja, 315-367), sendo por este ordenado. Mais tarde é sagrado bispo de Tours (França), lugar que veio a ocupar quando esta diocese ficou vaga em 371.
Apelidado o Apóstolo das Gálias, São Martinho ficou conhecido pela sua extrema caridade. A ele pertence o episódio de Amiens, que relata ter-se apeado certa manhã do seu cavalo, no rigor do Inverno, para rasgar com a espada e repartir com um mendigo a sua capa, que trazia sobre os ombros. Mais tarde, o mesmo mendigo ter-lhe-à aparecido em sonhos como Jesus Cristo, dizendo: «Martinho deu-me este vestuário.»
Retirado, a seu pedido, para um lugar isolado (Ligugé, perto de Poitiers), depressa reúne à sua volta discípulos atraídos pela sua fama de grande sabedoria e bondade. Ali funda o Mosteiro de Ligugé e, posteriormente, junto da cidade, o primeiro mosteiro de Marmontier. Morre em Candes (França) a 11 de Novembro de 397, com oitenta anos, tendo o seu corpo sido levado para Tours e sepultado no cemitério, à entrada da cidade.
Ao longo dos séculos foi considerado o santo mais popular da Europa Ocidental. Durante a Idade Média eram constantes as peregrinações ao seu túmulo, só comparáveis às que eram feitas aos sepulcros dos Apóstolos em Roma, tal a fama dos seus milagres.
A crença em São Martinho era tanta que os Merovíngios (nome da primeira dinastia que reinou em França), antes de partirem para a guerra, rezavam junto do seu túmulo, levando as tropas, na dianteira, a capa do santo como talismã. Os seus atributos são um cavalo branco, uma espada e um manto. Iconograficamente aparece galopando à frente dos exércitos.
No que respeita à alegoria «Verão de São Martinho», associa-se ao facto de se registarem, quase sempre no início de Novembro, alguns dias de temperatura amena e por vezes de calor.

Não se lhe conhece, todavia, qualquer ligação ao vinho. Supostamente, a sua celebração resultará da apropriação ou réplica cristã das festividades greco-romanas dedicadas a Baco, deus romano e grego do vinho, que tinham lugar em Roma e na Grécia por altura da abertura nas adegas do vinho novo (a 9 de Outubro).

Soledade Martinho Costa

Do livro «Festas e Tradições Portuguesas, Vol VIII
Ed. Círculo de Leitores

publicado por sarrabal às 03:40
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Domingo, 3 de Novembro de 2024

CALENDÁRIO DE NOVEMBRO

398687761_6762769977144177_367507070903608879_n.jpO céu

Retém ainda

O voo das cegonhas.

 

Acendem-se braseiras

De histórias

E de mosto

Regressam as castanhas

No bico do capuz.

 

Há bruxas

Que povoam

As noites de Novembro

No oiro das laranjas

Pousa o luar em cruz.

 

Soledade Martinho Costa

 

publicado por sarrabal às 01:10
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Sábado, 2 de Novembro de 2024

O CULTO DOS MORTOS - «ALMINHAS»

27487815165_abc180f161_b.jpgA primeira referência às comemorações por intenção dos defuntos, efectuada anualmente e em data fixa associada à Festa de Todos os Santos, é atribuída a Santo Isidoro de Sevilha no século VII, conquanto se deva a Santo Odilão de Cluny a introdução do ritual no seu mosteiro entre 1025 e 1030, daqui se estendendo a festividade litúrgica aos demais mosteiros da ordem e depois a toda a Igreja.

Em 1915, por concessão de Bento XV, através da bula Incruentum, foi autorizado a todos os sacerdotes da Igreja Católica celebrarem três missas no dia dos Fiéis Defuntos. Este privilégio já havia sido concedido a Portugal, Espanha e América Latina pelo papa Benedito XIV em 1748 – devido à influência desse antigo e piedoso costume verificado na Igreja de Aragão –, enquanto Leão XIII estende a concessão a toda a Igreja, pedindo que «no último domingo de Setembro todos os sacerdotes celebrem uma missa pro defunctis, extensiva aos sacerdotes falecidos.

 O Ofício de Defuntos é difundido pelos mosteiros a partir do século XIII, embora, desde os tempos apostólicos possam encontrar-se textos alusivos à oração pelas almas.

 «ALMINHAS»

Independentemente das celebrações piedosas pelos defuntos, que englobam os dias 1 e 2 de Novembro, refira-se um outro culto que, desde há séculos, se presta às almas do Purgatório. Manifesta-se pela existência de pequenos altares ou nichos construídos em pedra ou cimento, guarnecidos por pequenas imagens religiosas, esculpidas em pedra ou barro, ou pintadas de forma singela em azulejo, alusivas a santos ou ao Purgatório.

Trata-se das «Alminhas», designação pela qual são conhecidos popular e piedosamente estes altares propiciatórios em favor e memória dos defuntos, sendo frequente depararmos com estas pequenas construções erguidas à beira das estradas, nos caminhos, nas encruzilhadas, ou mesmo no meio dos campos, quer em locais ermos ou habitados. A revelar, quase sempre, o acto de mão piedosa, dado pela deposição de algumas flores, ou pelo acender de uma vela, lamparina ou candeia de azeite, cuja chama, a alumiar a noite, nos faz lembrar os que já não se encontram entre nós.

Localidades há onde são entregues aos habitantes «correndo a roda às casa», a fim de que todos possam contribuir para a sua preservação, limpeza e alindamento. Aquele que a tiver a seu cargo deverá alumiá-la todas as noites até findar o seu mandato. Daí, o uso, em certos lugares, de continuarem a realizar-se «peditórios de azeite para as alminhas», ou proceder-se à entrega dele em cumprimento de promessa. É também usual, principalmente pela Quaresma, efectuar-se uma novena, em que durante esses nove dias a pessoa que fez a promessa vai alumiar as «alminhas» e fazer orações.

Símbolos da religiosidade e do sentido piedoso do povo, deve-se às confrarias das almas, no século XVII, a sua contribuição para a divulgação das pinturas do Purgatório nelas representadas. No século XVIII as irmandades e confrarias das almas espalham-se de norte a sul do País.

Nas suas inscrições, pedem apenas a quem por elas passar, uma breve oração em seu favor, ou tão-só, um pensamento piedoso por sua intenção.

«Irmão, lembrai-vos das Almas que estão no Purgatório com um Pai-Nosso e uma Ave-Maria», ou «Ó vós que ides passando/Lembrai-vos das almas que estão penando», ou ainda «Ó vós que aqui vindes tão descuidados de nós/Lembrai-vos das almas/Que nós nos lembramos de vós», são alguns dos dizeres afixados nesses altares.

Em Sesimbra, por tempos idos, as «alminhas» eram lembradas naquela vila (devido às terríveis epidemias de cólera e de febre-amarela que dizimaram a população em 1856 e 1857), praticando-se o piedoso culto de se subir ao Calvário, local situado no Forte de Santa Cruz, onde as vítimas foram enterradas por não haver espaço nos cemitérios, para colocar junto à cruz ali existente lanternas com azeite para «alumiar as almas».

As «alminhas» são uma criação genuinamente portuguesa, não havendo sinais deste tipo de representação da arte e da religiosidade popular em mais nenhum lado do mundo. 

 

Soledade Martinho Costa

 

Do livro “Festas e Tradições Portuguesas”, Vol. VIII

Ed. Círculo de Leitores

Foto de Fernando DC Ribeiro, aldeia de Amiar, Salto, Montalegre (Terras do Barroso).

publicado por sarrabal às 02:57
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Sexta-feira, 1 de Novembro de 2024

DIA DE TODOS OS SANTOS - ORIGENS

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Designado, primitivamente, dia de Nossa Senhora dos Mártires, esta data foi celebrada durante mais de dois séculos no dia 13 de Maio com um ofício próprio, enquanto por volta de 737 passa a ser incluída no cânone da missa uma alocução dedicada a todos os santos.

Ainda no século VIII (741), Gregório III manda erigir na Basílica de São Pedro, em Roma, uma capela dedicada ao Divino Salvador, a Sua Santíssima Mãe, aos Apóstolos e a todos os mártires e confessores dando-se assim um maior impulso à Festa de Todos os Santos.
No século IX (835), a data desta festa religiosa é então fixada no dia 1 de Novembro pelo papa Gregório IV, que de há muito vinha pressionando Luís I, o Piedoso, rei de França, de modo a emitir um decreto que oficializasse a celebração.
A partir de 837, por decreto real, a data da festividade no dia 1 de Novembro torna-se universal, constituindo uma das maiores solenidades para toda a Igreja Cristã.
No final do século X, Santo Odilão ou Odilon, quarto abade de Cluny (994 – 1048), junta às celebrações em louvor dos santos algumas orações em favor do descanso eterno dos defuntos.
Esta introdução levou mais tarde a que se procedesse à separação das duas datas, vindo o dia 1 de Novembro a ser consagrado a todos os santos da Igreja Católica, enquanto o dia 2 passou a ser dedicado, exclusivamente, aos fiéis defuntos.
Autores há que defendem constituírem as duas celebrações do dia 1 e dia 2 de Novembro uma única festa, expressa e directamente ligada ao culto dos mortos.
 
Soledade Martinho Costa
 
Excerto do livro «Festas e Tradições Portuguesas», vol. VIII
Ed. Círculo de Leitores
publicado por sarrabal às 20:28
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Segunda-feira, 28 de Outubro de 2024

UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM - O SOL, A CHUVA E O CARACOL

            131462163_3554629664624907_8473486137545111034_n.j47023425-vermelho-macas-suspensao-a-partir-de-arvoCaminhando apressado, o dia percorre a manhã. E como são largos os seus passos! Quem o diz é o Sol, quase no pino do meio-dia, a deixar cair centelhas de oiro sobre o povoado.

«Não há dúvida de que prefiro o Verão ao Outono. No Verão acordo mais cedo e estou muito mais tempo junto das coisas de que gosto. Mas deixá-lo! As horas passam e os dias correm. Depressa hão-de voltar as tardes longas, longas, que me agradam tanto. Nessa altura, os dias não serão pequeninos como agora, e não serei obrigado a deitar-me tão cedo» E, mais conformado, o Sol, estende os raios num abraço até onde o seu calor alcança.

«Daqui em diante - torna ele – terei mais vezes a chuva para me acompanhar nas minhas brincadeiras. Ainda ontem adormeci cansado, estafadíssimo, por causa daquelas loucas corridas pelo céu fora, atrás das suas gotas, que mais parecem lágrimas a cair das nuvens. E logo, ao fim da tarde, cá a espero, à mesma hora, como ficou combinado. Que venha! Que venha! Aborreço-me tanto aqui sozinho!»

Ouve-se, de repente, o pingar da chuva, numa cantilena sobre o povoado:

Não foste pontual! - resmunga o Sol, a fazer-se rogado à brincadeira – Ontem chegaste mais cedo. Hoje já quase não tenho tempo para brincar…

Anda, vamos, que tens tempo, sim. Para quê ficares zangado? Não vês, ainda é dia!

O Sol decide-se. Vontade não lhe falta. E lá vão os dois: a chuva à frente, o Sol atrás. A persegui-la por entre as gotas que correm em fio.

 

Numa casa do povoado ouve-se uma voz:

«A chover e a fazer sol, estão as bruxas a comer pão mole!»

Há bruxas, avó?

Não minha filha. Só nos livros de histórias…

E fadas? - torna a menina.

Fadas? - fica-se um silêncio pela casa – Talvez, minha neta…

 

Adeus! Adeus! Vou-me embora, são horas de partir! - grita o Sol para a chuva, a tombar, em gotinhas de vidro sobre o povoado – Amanhã estarei de volta. Volta tu também, se puderes. Mas volta mais cedo!

Se puder. Se puder, eu volto. Brincaremos juntos outra vez. Adeus! Adeus! Eu ainda fico. É só o tempo de alagar a terra um pouco mais!

 

O caracol desce pelo tronco da macieira onde mora. Vai fechar-se na casca para adormecer. Gosta de se acomodar junto da raiz da árvore quando vai dormir. Talvez para voltar a sentir o prazer de subir pelo seu tronco quando nasce a manhã. É ali a sua verdadeira casa e o seu mundo. Mas, antes, o pequeno molusco, que também é herbívoro, irá dar a sua voltinha pelas redondezas da macieira – por ser, principalmente, durante a noite, que procura alimento.

Dorme bem! - deseja ele à macieira do lado, um pouco ciumenta por ele não escolher o seu tronco para morada – Sabes que também gosto de ti... – diz, meigo, numa reprovação.

A árvore abana os ramos. As maçãs oscilam, vestidas de chuva. Responde por fim:

Está bem, está bem! Eu sei que gostas de mim. Mas é aí a tua casa, não é? Por isso preferes a macieira minha irmã...

 

Soledade Martinho Costa

 

Do livro «Histórias que o Outono Me Contou»

Ed. Publicações Europa-América

 

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Quinta-feira, 24 de Outubro de 2024

POEMA DE MARIA

482762_585213998163214_1363276942_n.jpgMaria era a sua graça

e a graça do seu sorriso

a coisa mais valiosa

que possuía de seu.

 

Maria usava uma trança

e uns brincos de cordel.

 

Maria não soletrara

nome de pai nem de mãe

e curtira os verdes anos

entre rebanhos

nos montes.

 

Nunca pudera ir à escola

Nunca calçara sapato

nunca sonhara agasalho

nem à vila sequer fora.

 

Que a vida negou-se farta

para si e outros mais.

 

Na tarimba onde dormia

junto dos molhos de feno

Maria olhava as estrelas

para além das frestas da porta

e perdia-se a pensar.

 

A pensar em coisas justas

a pensar em coisas certas.

 

Depois, mal adormecia

cansada de solidão

benta do cheiro do fumo

farta de naco de pão

sobre o rosto de Maria

descia o véu de uma sombra

como um dobre de finados

como dor que se descobre.

 

E a graça do seu sorriso

a coisa mais valiosa

que possuía de seu

foi sumindo, foi fugindo

foi morrendo em sua boca

deixou Maria mais pobre.

 

Soledade Martinho Costa

Do livro A Palavra Nua

publicado por sarrabal às 01:33
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Domingo, 20 de Outubro de 2024

ALGUMA COISA ACONTECE

vista-lateral-hombre-hogar-taza-signo-ayuda-scaledSe o dia vier ao Mundo

Em que o gelo nos aqueça

E o Sol no céu arrefeça

O calor das nossas veias

Esse será o sinal

Decerto que a nosso lado

Alguma coisa acontece.

 

E se o riso

Que ontem vinha

Alegrar a nossa face

Morre aos poucos

Esmorece.

 

Nesse dia pedirei

A quem tiver

Por dentro de cada dia

Nada ter

A força que tem o vento

Que atravessa o pensamento

E liberta a nossa voz.

 

Nesse dia pedirei

À pressa que tem a vida

Que transforme essa corrida

Da nascente até à foz.

 

E se ao longe há um veleiro

Que se perde atrás do mar

Que se afunda em nosso olhar

Onde a água é nevoeiro.

 

Chamarei

Companheiro desta dor

E da raiva cada vez maior

Aperta na minha mão

O que a tristeza juntou.

 

Na estrada que percorremos

A desdita é coisa pouca

Comparada ao que sobrou.

 

Nesse dia pedirei

A quem tiver

Por dentro de cada dia

Nada ter

O perdão.

 

Soledade Martinho Costa

Do livro Um Piano ao Fim da Tarde

Edições Sarrabal

 

publicado por sarrabal às 16:58
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Quinta-feira, 17 de Outubro de 2024

AO FUNDO A LUZ

15134622_1169081816513049_4367741144397534115_n.jpAos que evitaram e evitam o risco

Aos que tentam não voltar a arriscar

Aos que já não podem tentar

 

Quem vier

Que venha em bem

E por bem.

 

Traçado

Traz

Um risco.

 

Que dele se afaste

Se aparte

Que se não belisque.

 

A trama

Que há-de ser tecida

A certifique

Para que não erre

Não se enrede

Nem arrisque.

 

Que de pontos sem nó

A vida é feita

E desfeita também

Mesmo com nó.

 

O dó

É saber-se de alguém

Que se esqueceu do risco

E arriscou.

 

O medo

Esse, vem.

 

Tarde ou cedo

Vem

E não vem só.

 

Dar à luz

É um pouco isto:

Ofertar ao destino

Alguém

Que não se sabe

Se com risco

Trama e nó

Sairá vencido

Ou vencedor

Por envolvido no risco

Que o cercou.

 

Soledade Martinho Costa

Do livro «Um Piano ao Fim da Tarde»

Edições Sarrabal

 

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Sábado, 12 de Outubro de 2024

POEMA NUMA TARDE CINZENTA

550579_312563228817993_1921809669_n.jpgÉ só um sonho este canto da cigarra

que escuto em cega-regra em meus ouvidos

a igualar no meu olhar quase adormecido

o denodo afadigado da formiga

na sua correria costumada

em defesa da fartura do celeiro

temente pelo final do Outono

que traz consigo

o granizo o frio e a geada

e a teia urdida no tear do nevoeiro.

 

Enquanto no semblante dos espelhos

o calendário vai desenhando outras feições

que juramos não serem nossas

a vida passa a somar as horas

os dias, os meses e os anos.

 

Os céus acordam sempre iguais

mesmo com Sol

continuam escuros

 

Onde se escondeu o passado

sem pedras no caminho

e o perfume das rosinhas de toucar

enamorado da cal que vestia os muros.

 

É então que soa um grito

que recorda ao coração

num sobressalto de espanto

os nomes que já não chamo.

nesta fria solidão.

 

E a tristeza que há em mim

porque desígnios não sei

vem juntar-se num abraço

à saudade e ao amor

na lembrança que não morre

dos nomes por quem chamei.

 

Soledade Martinho Costa

 

(Inédito)

 

publicado por sarrabal às 19:21
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Segunda-feira, 7 de Outubro de 2024

LEMBRAR AMÁLIA - 23 DE JULHO DE 1920 - 6 DE OUTUBRO DE 1999

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ATÉ AO FIM DE MIM

De corpo e alma
Estou na tua frente 
De corpo e alma e tua 
Eis-me aqui
Mas sem trazer comigo 
Das palavras
As que te conte 
As vezes que morri.  

 

Que foi pela tua mão
Eu sei que foi 
Que a vida me escolheu 
E me mostrou 
Na solidão do meu nome 
E de quem sou 
Uma estrada onde o fado
A mim prendi 
Com franjas de mistério
E de destino
No xaile todo negro 
Que vesti. 

 

De corpo e alma
Estou na tua frente
À espera de te ouvir 
Dizer porquê
A razão desta mágoa 
Deste canto 
Desta voz que me deste 
E reparti. 

 

Soledade Martinho Costa

 

 

 

 

 

publicado por sarrabal às 02:55
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