De pedra
Colmo
Tábuas
Papelão
Sob telhados de zinco
Ou telha vã
Eis os estábulos
As grutas
Os abrigos
Onde nascem e dormem
Os meninos nus
Há mais de dois milénios.
Herdeiros de um legado
Instituído por decreto-lei
Réplicas
De outro Menino
Que o Anjo anunciou
Nascido na lapinha de Belém
Não têm a seus pés
Pastores nem reis
Dormem
Dormem, simplesmente
Pelos presépios
Adorados por ninguém.
Nas reservas surdas
Ao apelo das florestas
No fogo das areias
Onde a terra se nutre
Das almas e dos corpos
Nos ghettos onde o leite
Nos seios seca
Ao explodir das bombas
Nos bairros marginais
Nos prédios em ruínas
Nos quartos alugados
Nos tugúrios onde não chega
A Estrela Peregrina.
Templos sagrados
Onde as mães
Esvaído o ulo vaginal
Debruçam sobre o ventre as mãos
Cortando aos filhos
Esquecidos
Humilhados
Sem pão
Amparo ou pátria
O cordão umbilical.
Talvez para que fujam
E repetido seja outro milagre
À revelia dos homens
Como então.
Soledade Martinho Costa
Foto: Zordi Bernabeu Farrús (Aleppo)
. ANIVERSÁRIO DA MORTE DE N...
. VARINAS
. VERSOS DIVERSOS - O CONSE...
. LEMBRAR ZECA AFONSO - 37 ...
. A VOZ DO VENTO CHAMA PELO...
. CARNAVAL OU ENTRUDO - ORI...
. REGRESSO
. 20 DE JANEIRO – SÃO SEBAS...
. UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM...
. AS «JANEIRAS» E OS «REIS»...
. BLOGUES A VISITAR