Remontará, supostamente, à Antiguidade, quando no solstício do Inverno era hábito decorarem os templos e as casas com folhagem (símbolo da vitória da vida sobre a morte), ritual pagão que tinha por finalidade “revigorar e reverdecer a natureza e apelar aos espíritos das árvores o seu regresso na Primavera, para tornarem a cobri-las de folhas”.
Outra hipótese para a sua proveniência, leva-nos à Idade Média, altura em que terá feito a sua aparição integrada nos «Jogos da Natividade» ou «Jogos do Paraíso», celebrados a 24 de Dezembro em Estrasburgo (capital da Alsácia) , alusivos a Adão e Eva (segundo parece, a darem depois origem aos «presépios vivos», cujos primeiros textos foram localizados naquele país). Nestas representações, a simbolizar a «Árvore do Paraíso», era escolhido o abeto para nele se colocarem as maçãs. Uma outra menção, de 1605, indica que nessa data os Alsacianos enfeitavam as suas casas com abetos ornamentados com gravuras douradas, maçãs e guloseimas. Noutra versão, o abeto terá sido escolhido devido à sua configuração (triangular), representando, com os seus três bicos, a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Na corte de França, em 1711, tentou lançar-se, pela primeira vez, o hábito da árvore de Natal, mas a intenção não resultou. A figuração da árvore natalícia veio a consolidar-se, fazendo a sua aparição nas Tulherias, somente em 1840. Na Alemanha, a árvore de Natal (enfeitada com papel de cor em honra de Nossa Senhora) foi adoptada em 1772, costume seguido, um pouco mais tarde, pela família real de Inglaterra.
Em 1861 surge na América (levada pelos emigrantes alsacianos) e em 1863 aparece na antiga Checoslováquia. A partir daí, a árvore de Natal é considerada e aceite, definitivamente, como elemento decorativo alusivo à Natividade por muitos outros países, como a Suécia, a Holanda, a Noruega e a Rússia.
Muitas são também as suposições para a colocação das velas na árvore natalícia (símbolo de Cristo como a Luz do Mundo), uma delas associando a sua origem, uma vez mais, aos Alsacianos, que terão introduzido esta variante de enfeite de árvore no século XVII, conforme asseguram documentos datados dessa época – velas hoje representadas pelas lampadazinhas de cores.
Para a iluminação dos abetos no Natal (em Portugal substituídos pelos pinheiros), existe uma lenda que conta “ ter-se perdido um cavaleiro, homem bom e crente, numa grande floresta na noite de Natal. Para o ajudarem a encontrar o caminho de casa, os anjos do Natal enfeitaram, então, com estrelas o maior abeto da floresta, assim iluminando a densa escuridão, para orientar o bondoso cavaleiro”.
Soledade Martinho Costa
Do livro «Festas e Tradições Portuguesas”, Vol. VIII
Ed. Círculo de Leitores