As festividades à Virgem Maria terão surgido, inicialmente, no Oriente, nos finais do século VII ou inícios do século VIII, embora somente nos princípios do século XII a devoção se expanda progressiva e definitivamente por todo o mundo cristão – até aqui com as opiniões dos teólogos divididas entre o prodígio do Nascimento de Cristo e a Santificação da Bem-Aventurada Virgem Maria (defendida pelos dominicanos). A partir de 1310 o culto à Imaculada Conceição começa a ser largamente difundido nas dioceses portuguesas da Guarda, Lamego, Évora e Lisboa, com a adesão de Braga a verificar-se em 1325.
No Concílio de Basileia (1439) é então declarado que «a doutrina sobre a Imaculada Conceição era pia, muito conforme com o culto eclesiástico, com a fé católica, com a recta razão e a Sagrada Escritura, e que por isso devia ser aprovada, seguida, abraçada por todos os católicos».
Sisto IV proclama, por seu turno, que seja celebrada em todas as igrejas o Ofício e Missa da Puríssima Conceição, enquanto diversos papas (Paulo V, Gregório XIV, Alexandre VIII e Clemente IX, entre outros pontífices) exaltaram a remotíssima «devoção à pureza e santidade da Virgem Santíssima, concebida sem mácula do pecado original – a Filha do Eterno, a Mãe de Jesus, a Esposa e o Templo do Espírito Santo».
Feriado nacional e dia santo de guarda, a data de 8 de Dezembro constitui-se como um dia de festa religiosa, associada durante muitos anos à celebração mundial do Dia da Mãe, actualmente comemorado no primeiro domingo do mês de Maio.
Quanto ao acto da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal, efectuado com a maior solenidade pelo rei D. João IV a 25 de Março de 1646, alargou-se a todo o País, com o povo, à noite, a entoar cânticos de júbilo pelas ruas, para celebrar a Conceição imaculada da Virgem, ou, mais precisamente, a Maternidade Divina de Maria.
Assim se tornou Nossa Senhora a verdadeira Soberana de Portugal, não voltando por isso, desde aí, nenhum dos nossos reis a ostentar a coroa, direito que passou a pertencer apenas à Excelsa Rainha, Mãe de Deus.
Soledade Martinho Costa
Do livro “Festas e Tradições Portuguesas”, Vol. VIII
Ed. Círculo de Leitores
Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
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