Aprende
O verde da rã
A margem do riacho.
As abóboras
Assomam
Ao bordo dos telhados
Viajam as raposas
A senda dos trigais.
A sede
Das roseiras
Demora-se em Agosto.
Repetem-se nos figos
As asas dos pardais.
Soledade Martinho Costa
São muitas as vezes em que nos interrogamos sobre a razão das datas em que recaem feriados, principalmente nacionais. Aqui fica a explicação para o dia de hoje, 15 de Agosto, que celebra a Morte da Virgem Maria (ou a Assunção de Maria), a que se dá o nome de dormição. Embora não existindo registos históricos sobre a sua morte, desde os primeiros séculos utilizou-se a palavra dormição (dormitio). A partir do século VIII o termo foi substituído por Assunção. Maria terá ressuscitado e subido aos Céus por graça e privilégio concedidos à Mãe de Deus.
A Morte da Virgem Maria tem o nome de dormição, uma vez que o seu falecimento não é considerado uma ocorrência triste ou dolorosa. Desde a morte do Amado Filho, que ansiava o reencontro com Aquele que deu à Luz, a quem conduziu enquanto Menino e cuja Paixão, Calvário e Morte prematura lhe causaram a mais pungente dor e agonia. O sofrimento deixara-lhe marcas profundíssimas. Teria cinquenta anos quando Cristo subiu aos Céus e pouco mais de sessenta quando ocorreu a sua dormição.
Depois da Ascensão de seu Filho, junta-se aos apóstolos no Cenáculo, enquanto continua a apontar-se como sua morada nos últimos anos de vida a cidade de Jerusalém. Como disseram São Bernardo e São Francisco de Sales, «estava doente de amor e de saudades». Dela escreveram os dois santos: «…morte que mesmo os anjos desejariam se fossem capazes de morrer».
O ano da sua morte terá sido, supostamente, antes da dispersão dos apóstolos, situando a tradição antiga, quer escrita quer arqueológica, o seu falecimento no monte Sião, na mesma casa em que Jesus celebrou os Mistérios da Eucaristia e onde se deu a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. A casa foi chamada a primeira Igreja de Santa Maria do Monte Sião. Hoje, numa parte da área que a basílica constantinopolitana ocupou, ergue-se a Igreja da Dormição, consagrada em 1910, que se avista de todos os pontos de Jerusalém. O local, rodeado de vários cemitérios (católico, grego, arménio e protestante anglicano), é escolhido pelos fiéis de todas as congregações cristãs, que buscam ali a sua última morada na Terra.
Desde tempos remotíssimos, que a fé universal da Igreja afirma que a Virgem ressuscitou como seu Filho e como Ele não permaneceu na Terra, erguida aos Céus à semelhança da graça e privilégios que lhe foram concedidos «antes do parto, no parto e depois do parto», como Mãe de Deus. Ou seja, «que a Imaculada Sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assumpta em corpo e alma à Glória Celestial».
Soledade Martinho Costa
Do livro "Festas e Tradições Portuguesas", Vol. VI
Ed. Círculo de Leitores
Pormenor de «A Coroação da Madona» - Botticelli
Estávamos em 2014, no governo de Passos Coelho, quando um familiar meu, muito chegado, teve a oportunidade de conversar, no Algarve (como acontece frequentemente), com o pai da ministra da Justiça da altura, Paula Teixeira da Cruz. O assunto versava os incêndios. A pessoa em causa sugeriu, então, uma medida, a seu ver profícua, que consistia na detenção dos incendiários, já identificados como tal, durante os meses de Verão e libertá-los nos meados do Outono. O objectivo principal desta conversa, seria o pai da Senhora ministra levar a sugestão ao conhecimento da filha. Ideia interessante (segundo ele) e fácil de executar, dado os antecedentes dos cadastrados, muitos deles considerados reincidentes. Além de que, três meses de Verão, dariam menor despesa ao Estado, comparativamente a alguns anos de prisão anual por cada um dos incendiários! Fazendo contas: três anos de detenção, por exemplo, somam 36 meses de cadeia a alimentar um energúmeno, enquanto que os meses de Verão são coisa de pouca monta. Isto, se compararmos, ainda, a tranquilidade que dá às populações saber os incendiários atrás das grades nos meses de estio – os seus meses preferidos. Agravar as penas? Para quê? Atrás das grades, nos meses de Verão, não se ateiam fogos nas florestas, não se apavoram as populações, não há pedidos de apoio ao Estado vindas de regiões atingidas pela calamidade das chamas, não há a devastação da Natureza, nem de animais, nem de bens, não há destruição, nem há mortes. A resposta surgiu rápida e breve: mandava dizer a Senhora ministra «que tudo estava já planeado, controlado, organizado. Que nesse ano se havia de ver a diferença relativa a anos anteriores.» E a sugestão por aqui ficou. Estávamos no início de 2014. Passou 2015 e estamos em 2016. Resultados? Estão à vista. O que não está (ou estará?) à vista, é o que a nossa própria vista não alcança, devido às chamas e ao fumo com que nos querem tornar cegos. Agora mudos? Mudos, isso é que não!
Soledade Martinho Costa
Nunca fui dada a publicar citações. Mas não posso estar mais de acordo com esta, da autoria de MIA COUTO - um escritor que muito admiro:
«O livro deve ser objecto e mercadoria para chegar às nossas mãos. Mas só somos donos desse objecto quando ele deixa de ser objecto e deixa de ser mercadoria. O livro só cumpre o seu destino quando transitamos de leitores para produtores do texto, quando tomamos posse dele como seus co-autores.»
(Do livro «E se Obama fosse Africano e outras Interinvenções»
Soledade Martinho Costa
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