Segunda-feira, 26 de Outubro de 2015

UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM - O OUTONO

27162_581377138546900_1180182350_n.jpg

O lusco-fusco instala-se. Batem novas badaladas na torre da igreja. Os homens e as mulheres regressam da faina do campo. Das chaminés, começa a sair o fumo que anuncia a ceia. Os pastores, chegam com os seus rebanhos e encaminham-se para o redil. Amanhã será um outro dia de trabalho. Agora, é preciso comer e repousar. E que bem sabe a sopa, a broa, o queijo e as azeitonas! Mas as tarefas lá estão, do lado de fora das paredes que os abrigam, à espera das mãos, dos braços, do esforço e do suor. Porque a terra necessita de amanho, as árvores de cuidados, as plantas e os animais do zelo que os fará medrar. E enquanto os filhos já dormem, os homens e as mulheres falam dos afazeres que os aguardam durante os meses do Outono. Do lavrar da terra para nela semearem o trigo e a cevada. Do mel e da cera que terão de recolher das colmeias. Da vinha, a precisar de ser escavada e estrumada. Do cortar das canas e dos ramos secos e apodrecidos das árvores. Do feno, na altura de ser guardado, para servir de sustento ao gado no Inverno. Da apanha da castanha. Dos vinhos, na fase de serem vigiados nas adegas. Da horta, onde irão semear as couves, as ervilhas e as favas. Dos cravos, dos goivos e da alfazema, que vão semear e plantar nos canteiros, para alegrar e perfumar a entrada das casas.»

 

Soledade Martinho Costa

 

Do livro «Histórias que o Outono me Contou»

Ed. Publicações Europa-América

publicado por sarrabal às 22:03
link | comentar | favorito
Sexta-feira, 16 de Outubro de 2015

DESDE ONTEM NAS LIVRARIAS, O MEU NOVO LIVRO PARA OS MAIS PEQUENOS

Cópia de IMG_3218.jpg

Com a chancela da Porto Editora, trata-se de um livro/jogo, cujos textos, em verso, foram publicados, pela primeira vez, repartidos por uma colecção de 6 livros. Perdi a conta às reedições. A chancela pertenceu sempre às Publicações Europa-América. Alguns dos textos foram agora retirados e acrescentadas novas adivinhas, formando, a colecção, um único livro. No total, contamos com 70 textos, num livro cartonado e profusamente ilustrado. Concebido, graficamente, de maneira criativa e original, irá agradar, certamente, aos pequenos leitores - como tem agradado ao longo destes anos.
Feito no estrangeiro (em Portugal não seria possível), com uma tiragem de 5.000 exemplares, só não sei, ainda, o nome do ilustrador. Provavelmente, nem virei a saber. Estas edições costumam ser efectuadas por empresas especializadas neste género de obras, não sendo revelado o nome do ilustrador. Veremos se, entretanto, consigo saber - porque bem o merece.

 

Soledade Martinho Costa

 
 
publicado por sarrabal às 02:34
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 5 de Outubro de 2015

EXCERTO

Uma estatua - capa completa.bmp

 

«Em 1979, como independente, fui mandatária concelhia de Maria de Lourdes Pintasilgo, pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Coube-me recebê-la, quando visitou aquela cidade ribatejana. Acompanhei-a, nesse dia, a várias localidades do concelho, e, à noite, estive presente e participei numa sessão de propaganda e esclarecimento. Admirava Maria de Lourdes Pintasilgo, pela sua inteligência, simpatia e simplicidade. Daí ter aceite o convite. Vi-a, depois, como a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro de Portugal, embora por pouco tempo, em governo de gestão. Mas não gostei da política vista por dentro. Em 1986, apoiei a campanha de Mário Soares, a convite de alguns elementos do seu partido. Fiz parte da comissão que o recebeu quando visitou Alverca do Ribatejo. Mas não gostei da política vista por dentro. Em 1997 fui apoiante de Zita Seabra, a seu pedido pessoal, quando da sua candidatura à presidência da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Mas não gostei da política vista por dentro. Há dias, diz-me a minha neta, Maria Teresa, a caminho dos quinze anos: – Quando entrar para a faculdade, vou estudar para o estrangeiro, talvez para Londres, eu e o mano. E acrescentou: – Depois do curso, podemos ficar em Londres, ou ir para outro país. Em Portugal é que não dá vó, não dá. Aqui não se tem futuro, não podemos realizar os nossos projectos. Lembrei-me, então, dos métodos dos bastidores da política que presenciei, anos atrás. A preocupação e a tristeza fizeram descer sobre mim a capa da antecipação. Os avós da Teresa e do Rafael, assim como os seus pais, não tiveram necessidade de sair de Portugal em busca da estabilidade económica e da realização dos seus projectos. Herdeiros de um 25 de Abril, a Teresa e o Rafael terão de desligar-se da família para atingirem os mesmos objectivos. O meu país rouba-me os meus netos. Nega-lhes o futuro junto de mim. Mas os senhores que mandam no meu país continuam rodeados de todos os seus netos. As suas famílias estão unidas, não há desintegração. Quando muito, os seus netos estudam no estrangeiro. Mas voltam. Porque não têm necessidade de procurar o seu futuro longe dos pais e dos avós. Porque sabem que à sua espera têm um lugar garantido, que não os faz preocuparem-se nem com o seu futuro nem com os seus projectos. Eu estava certa: não gosto da política vista por dentro. Hoje, acrescento: muito menos por fora, vista deste espaço a que se dá o nome de País. Ou seja, avaliada do lado de cá da política.»

 

Soledade Martinho Costa

 

Do livro «Uma Estátua no Meu Coração»

 

publicado por sarrabal às 23:02
link | comentar | favorito

CASAS DE LISBOA

 

1335905.jpg

Casas de Lisboa

Viradas ao Tejo

Vestidas de Sol

Com cortinas de renda.

 

Casas de Lisboa

Viradas ao Tejo

Que lhes conta segredos

De reis e de infantes

De audácias distantes

De naus e degredos.

 

Casas de Lisboa

Varandas amigas

De pardais e pombos

Com gente que fala

No jeito que temos

A Língua que somos.

 

Com gente que embala

Os sonhos esquecidos

Os sonhos perdidos

Na dança das ondas.

 

São pedras

Postigos

E portas fechadas

Janelas

Telhados

E degraus de escadas.

 

São muros

Mirantes

Jardins e calçadas

E tantos amantes

De vidas passadas.

 

Largos e igrejas

A lembrar fogueiras

Lendas verdadeiras

De um País amado

De um País saudade

De faces trigueiras.

 

E o que o Tejo diz

E o mais que lhes diga

Escuta-se no vento

Como em voz amiga.

 

Palavras que trazem

Alma marinheira

E a cor da cidade

No Cais da Ribeira.

 

Soledade Martinho Costa

 

publicado por sarrabal às 22:40
link | comentar | favorito

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
14
15

18
19
20
21
22
23

24
25
26
27
28
29
30

31


.posts recentes

. ANIVERSÁRIO DA MORTE DE N...

. VARINAS

. VERSOS DIVERSOS - O CONSE...

. LEMBRAR ZECA AFONSO - 37 ...

. ALENTEJO AUSENTE

. A VOZ DO VENTO CHAMA PELO...

. CARNAVAL OU ENTRUDO - ORI...

. FIAR A SOLIDÃO

. REGRESSO

. PASTORA SERRANA

. MEU FILHO

. 20 DE JANEIRO – SÃO SEBAS...

. UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM...

. «AS CRIANÇAS DA GUERRA»

. NOVO ANO DE 2024

. AS «JANEIRAS» E OS «REIS»...

. DIA DE REIS - TRADIÇÕES

. NATAL 2023

. NATAL - O DIA SO SOL

. AS QUATRO MISSAS DO NATAL

.arquivos

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Agosto 2023

. Julho 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Maio 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Março 2020

. Novembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Março 2019

. Fevereiro 2019

. Dezembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Julho 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Abril 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Outubro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

.links

blogs SAPO
Em destaque no SAPO Blogs
pub