Se Abril voltasse
A percorrer as ruas
E com ele na mão
Um cravo rubro
Os anseios que nascessem
Nesse dia
Trariam a certeza
De que os homens
Nem sempre procuram
A magia
Que faz dormir em paz
As consciências.
Se o outro Abril
Não passou de um sonho
Se respiramos hoje
Esta amargura
E os cravos se tornaram
Cor de bruma
A seara continua
A oferecer ao vento
O dourado do manto
E a formosura.
A murmurar, talvez
Que o Norte anda à deriva
Sem rota, sem leme ou timoneiro
Mas que resiste em nós.
A segredar ao coração
A tempo inteiro
É urgente ir em busca da bonança
E deixar que o Sol rompa o nevoeiro.
A fé não está perdida
É urgente ir em busca do poema
Que se fez canção
E fez bandeira
Em nossa voz
Agora adormecida
À espera de a ouvirmos
Renascida
Cantada noutro tom
Em vez primeira.
Soledade Martinho Costa
«[...]. Por vezes (e não são poucas) falo com «os meus botões». Tem duas vantagens: ninguém me interrompe e ninguém me contradiz. Posso pensar em voz alta, quando acho que preciso de desabafar, queixar-me, resmungar, ou quando, por pequenas coisas, estou animada ou feliz. Ultimamente, são tão pequeninas as coisas que me fazem feliz. Acabei por compreender que as grandes coisas que nos podiam fazer felizes, se calhar nem existem. São bem capazes de existir apenas na nossa imaginação, à força de tanto as desejarmos. No anseio de demasiadamente as desejarmos. Com o passar dos anos habituamo-nos a que sejam cada vez mais raras essas ocasiões: as de felicidade plena. Quando jovens, os momentos de felicidade acontecem com muitíssima frequência. Frequência e naturalidade. A nossa estrada não está ainda percorrida e não há semáforos nem rotundas. É uma espécie de auto-estrada que se oferece à nossa frente, com pouco ou nenhum trânsito. Depois, com o passar dos anos, começam a delinear-se as curvas, as contracurvas, as lombas, os stops e outros sinais de trânsito, a avisar-nos do limite de velocidade, dos desvios, derrapagens e outros perigos vários. Quando me escuto sozinha, confesso que acho um pouco estranho ouvir o som da minha própria voz no silêncio da casa. Serei eu que falo de mim para mim ou o silêncio que vem falar comigo? E quantas vezes vem falar-me de vozes que não vou voltar a ouvir, de rostos e de gestos que não mais irão apagar-se da memória dos meus olhos. [...]»
Soledade Martinho Costa
Do livro «Uma Estátua no Meu Coração»
Sobre o líquen dos seixos
Patrício do rumorejo das alfarrobeiras
Um rio avança a solidão do nome.
Por entre o tojo
À transparência líquida do corpo
Sua pergunta corre:
Onde os olhos nas manhãs das minhas águas?
Onde as vozes nas margens do meu leito?
Respondei os mais não regressados
Quem rompe este silêncio?
E segue
Ao rés das rosas-albardeiras
Fantasma de mil segredos
Sem se saber lembrado
Longe
No coração dos homens.
Soledade Martinho Costa
Do livro «Poemas do Sol e da Cal»
A quem interessar e como prometi, aqui fica a lista de algumas das livrarias onde está à venda o meu novo livro «UMA ESTÁTUA NO MEU CORAÇÃO»:
LISBOA:
El Corte Inglês
Livraria Barata
Livraria Leya Buchholz
Livraria Pó dos Livros
Livraria Ler Devagar
Bertrand – Chiado
Bertrand – Campo Pequeno
Bertrand – Av. de Roma
Bertrand – CC Amoreiras
Bertrand – CC Vasco da Gama
Bertrand – CC Colombo
Bertrand – CC Dolce Vita Monumental
Bertrand – CC Picoas Plaza
PORTO:
Bertrand – Shoping Cidade do Porto
Bertrand – CC Dolce Vita
Bertrand – NorteShoping (Matosinhos)
Bertrand – Marshoping (Matosinhos)
Livraria Porto Editora
ALGARVE:
Livraria Ideal – Tavira
Livraria Ria Formosa – Lagos
OUTRAS LIVRARIAS:
Livraria Papelíssimo – Alverca do Ribatejo
Bertrand – CC Loures Shoping
Bertrand – CC Dolce Vita Tejo Amadora
Bertrand – Cascais Shoping
Bertrand – Forum Sintra
Bertrand – Almada Forum
Bertrand – CC Dolce Vita – Coimbra
Bertrand – Aveiro Forum
OUTRAS LOCALIDADES:
Odivelas
Massamá
Mem Martins
Caldas da Rainha
Torres Vedras
Tomar
Peniche
Torres Novas
Setúbal
Montijo (Forum)
Beja
Serpa…
Seria exaustivo prolongar a lista, acrescida do nome das respectivas livrarias. Se interessar ou dúvidas houver, é só perguntar. Há outras livrarias em Lisboa, Porto, Coimbra, no Algarve e noutras localidades, onde está ainda a ser distribuído.
O livro encontra-se à venda on-line, pela Porto Editora Wook (Tel.: 22 608 83 12). Sei que estavam a enviar livros com porte pago. O que não sei é se esta campanha engloba as novidades.
Pela primeira vez faço publicidade a um livro meu. Até aqui, tem sido feita (e continuará a ser) pelas editoras. Simplesmente, tenho este blog (que fará no próximo mês de Julho oito anos) e estou no Facebook (duas vias de divulgação). Acabei por fazer aquilo que outros escritores costumam fazer também.
Soledade Martinho Costa
. ANIVERSÁRIO DA MORTE DE N...
. VARINAS
. VERSOS DIVERSOS - O CONSE...
. LEMBRAR ZECA AFONSO - 37 ...
. A VOZ DO VENTO CHAMA PELO...
. CARNAVAL OU ENTRUDO - ORI...
. REGRESSO
. 20 DE JANEIRO – SÃO SEBAS...
. UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM...
. AS «JANEIRAS» E OS «REIS»...
. BLOGUES A VISITAR