Quarta-feira, 29 de Maio de 2013

«O PASTOR DAS CASAS MORTAS» de DANIEL DE SÁ

 

Em homenagem ao Amigo e escritor DANIEL DE SÁ, volto a publicar o texto que escrevi em 2009, sobre o livro «O Pastor das Casas Mortas», da autoria deste grande escritor Açoriano, que ontem nos deixou. Fica a saudade e a sua obra a prestigiar a nossa Literatura.

 

«Foi Manuel Cordovão que ficou a guardar-lhe as memórias quando a Aldeia Nova da Serra envelheceu.» Assim começa o segundo capítulo desta novela da autoria de Daniel de Sá, escritor açoriano, natural da Ilha de São Miguel e a residir na cidade da Maia (concelho de Ribeira Grande).

 
Numa escrita límpida e fluente, a que já nos habituou, abordando um tema concreto que nos preocupa (a desertificação das nossas aldeias), Daniel de Sá descreve nesta sua última obra a vida de Manuel Cordovão, um pastor nascido numa aldeia beirã que, ao longo dos anos, não esquece aqueles que nela viveram, ali construindo a sua vida, a tornar possível uma vivência comunitária rural activa, amiga e solidária.
 
Manuel representa o elo que teima em reter as memórias dessa vida passada, como pertença de um património que guarda na sua própria memória, tentando aceitar e compreender as mudanças, embora sejam elas as causadoras da sua saudade, das suas recordações, da sua mágoa.
 
Manuel Cordovão sabe que o caminho para a perda dessa mesma vida comunitária reside na procura da estabilidade económica, que tem o peso e a força que faz mudar as consciências por muito apego que se tenha à terra: «O caudal das partidas sem retorno não parecia ter dique que o retivesse ou açude que o demorasse. Iam-se os mais novos e alguns dos que o não eram já, para Lisboa ou França ou Alemanha. Tal como na Aldeia Nova da Serra, também em quase todos os povoados menores só se viam velhos ou quem estava em vias de o ser, mulheres sempre à espera de carta, e crianças a crescer para serem grandes e terem pernas de andar para longe.»
 
Com um grau de inteligência pouco comum, Manuel Cordovão vive um amor de infância impossível, confessado ao longo das anotações que vai coligindo na sua agenda e que servem de caminho ao desenvolvimento da narrativa. Um amor que se manteve fiel ao longo dos anos a uma colega da escola primária, Maria da Graça, mas a obedecer, submisso, às regras familiares impostas, sem que qualquer atitude de ambos viesse contrariar essas regras ancestrais e impeditivas: «Tinha chegado a pensar que aquela paixão esmoreceria quando se tornasse adulto. Imaginara que os anos o tornariam muito diferente, que com todas as pessoas aconteceria isso ao subir a ladeira da idade. Afinal, pouco mudado se via. A criança que fora teimava em manter-se viva. Talvez o grande drama da morte de um adulto fosse isso…Um homem não morre sozinho (…) estão todas nele, as várias idades (…). Essa a tragédia, esse o destino: todas as idades e todos os sonhos a morrerem num só momento e num só homem.»
 
É também a solidão da serra, que motiva a sensibilidade e a imaginação quando se tem apenas a Natureza por companhia: «Talvez nunca ninguém tenha baptizado pedras, mas Manuel deu nome a muitas. De tanto viver com elas, chegou ao ponto de lhes falar. De lhes dar os bons-dias e desejar boa noite. Com ar sério, com sentimento a sério. Precisava delas para se sentar, para subir mais alto e avistar mais longe, para se deitar à sua sombra. E a gente ama aquilo de que precisa e dá nome àquilo que ama.»
 
Mas a mesma teima em manter a aldeia viva, recordando os rostos, os gestos, as palavras, sabendo, embora, da sua morte anunciada, não deixava Manuel Cordovão passivo: «Foi pela casa da Rita que Manuel Cordovão começou a tentar manter a aldeia com ar de estar ainda viva, ou pelo menos em condições de receber a vida, se a vida voltasse algum dia a precisar de abrigar-se nela.»
 
Por último, uma réstia de esperança que se antevê, sabendo-se que não passa de uma ilusão. De algo inatingível mas que domina a vida dos homens que não perderam o hábito de sonhar: «A felicidade viera atrasada quase meio século, mas acabara por chegar. E a aldeia nunca lhe parecera tão habitada como agora, só com Maria da Graça, lá em baixo, à sua espera.»
 
A certeza de ser o pastor das casas mortas daquela aldeia por si amada, teve-a no momento em que sentiu que a sua forma de amar englobava as pessoas, as casas e a serra que o viu nascer, num amor tão grande e tão intenso como a aceitação de ser, daí por diante, o único habitante da Aldeia Nova da Serra: «…Agora, Manuel era senhor da aldeia inteira. (…) …foi à sua e às outras casas e, com rama seca de giesta, acendeu (…) a lareira de todas elas.»
 
O livro, que Daniel de Sá dedica «Às mulheres e aos homens que ainda acendem o lume nas últimas aldeias de Portugal», tem a chancela da “Ver Açor”. Da bibliografia do autor fazem parte livros de ensaio, teatro, ficção e crónicas históricas.
 
“O Pastor das Casas Mortas” deixa-nos a convicção de que ninguém pode ficar indiferente perante uma aldeia que deixa de ter vida. A vida dos homens que nela viveram, que morreram ou partiram em busca de uma vida melhor, porque embora retirem da terra o alimento, «nem só de pão vive o homem». Este livro pode considera-se um apelo, uma acusação, uma romagem, mas também a esperança de que possa haver solução para que as nossas aldeias continuem a fazer parte não do nosso imaginário, mas da certeza de estarem bem vivas para melhor as podermos preservar e amar como herança que nos foi legada.
 
 
Soledade Martinho Costa
 
publicado por sarrabal às 00:07
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Sexta-feira, 17 de Maio de 2013

TRADIÇÕES - FESTAS DE SANTA JOANA EM AVEIRO

 

Estão a decorrer até ao próximo domingo, dia 19, as tradicionais Festas da Cidade de Aveiro, iniciadas, anualmente, no primeiro fim-de-semana do mês de Maio.

 

Com vasto e diversificado programa de animação, lúdico, cultural e religioso, as festividades têm por objectivo principal lembrar e louvar a princesa Santa Joana.

 

Filha de D. Afonso V e de sua mulher, D. Isabel, a princesa Santa Joana nasceu em Lisboa a 6 de Fevereiro de 1452. Órfã de mãe aos 4 anos de idade, mostra desde muito cedo a sua tendência para praticar o bem, sobretudo na caridade em favor dos pobres, longe e desprendida das grandezas da corte e das vaidades do Mundo, antes voltada para a devoção e dedicação a Cristo.

 

A sua extrema formosura leva a que diversos pintores de outros países a tenham retratado, dando origem, naturalmente, a que várias vezes fosse pretendida para esposa por príncipes de outras nações. Mas o sonho de Joana era o de entrar para uma ordem religiosa.

 

Assim acontece aos dezanove anos, com a concordância de seu pai, quando recolhe ao Mosteiro de Odivelas. Muda-se a 4 de Agosto de 1472 para o Convento de Jesus, na então vila de Aveiro (a que costumava chamar a «sua Lisboa pequenina»), recebendo ali, passado algum tempo, o hábito de noviça.

 

Com fervor religioso e austeridade aí viveu, sob o hábito dominicano, chegando ao ponto de desempenhar as mais humildes tarefas: varrer o chão, lavar roupa, amassar pão, tendo aprendido também a fiar e a tecer o linho.

 

Ao cair gravemente doente, o rei ordena que retire o hábito, sendo parecer do vigário geral dos dominicanos em Portugal e de vários teólogos, que não deveria professar devido aos seus poucos anos.

 

Joana acata a ordem, retira o hábito, que coloca sobre o altar, para tornar a vesti-lo poucas horas depois, prometendo usá-lo apenas por devoção

 

A peste que assolou Aveiro em 1479, a obrigar a princesa a refugiar-se perto de um ano no Alentejo, o desgosto pela morte de seu pai em 1481 e a convicção de que nada havia neste mundo que a prendesse, levou a que o seu estado de saúde se fosse alterando, com febres altas e contínuas. A sua morte ocorre na madrugada do dia 12 de Maio de 1490, contava então 38 anos.

 

Em Aveiro chorou-se por largo tempo em memória da beata Joana, relatando a tradição que muitos milagres se operaram por sua intercessão, após o seu falecimento. A partir daí, o povo começou a venerá-la como santa, considerando-a, mais tarde, os Aveirenses, como protectora da cidade.

 

A 4 de Abril de 1693 foi beatificada pelo papa Inocêncio XII, o que levou D. Pedro II a mandar construir um magnífico túmulo onde se conservam as relíquias da santa. O túmulo encontra-se no Mosteiro de Jesus (que passou em 1911 a Museu Regional de Aveiro e, posteriormente, a Museu de Aveiro), cuja igreja (sempre fechada) abre ao público, graciosamente, no dia 12, para que o povo a possa venerar, especialmente, nesta data, realizando-se ali, em seu louvor, algumas celebrações litúrgicas orientadas pela Irmandade de Santa Joana. É também neste dia (feriado municipal) que tem lugar a solene e esplendorosa procissão com os andores de Santa Joana e de São Domingos, a percorrer durante cerca de duas horas as principais ruas de Aveiro, vistosamente engalanadas, sempre participada por elevado número de féis, que incorporam o cortejo litúrgico, enquanto alas de visitantes nacionais e estrangeiros assistem ao desfile enchendo por completo as ruas da cidade.

 

Conta a lenda que no dia da sua morte, o pomar e os jardins do convento se encontravam deslumbrantes de verdura e flores, como até aí nunca se tinha visto. Todavia, quando o cortejo fúnebre se dirigiu da cela da infanta para o claustro, ao passar pelo jardim, as folhas e as flores tombaram sobre o caixão, como se fossem lágrimas, assim se despedindo da princesa que tanto as amara em vida.

 

A 5 de Janeiro de 1965, Santa Joana é declarada pelo papa Paulo VI a padroeira principal da cidade e diocese de Aveiro.

 

Terra que devido ao sal se tornou conhecida além fronteiras, desde a Idade Média, mostra-nos, até hoje, as suas famosas salinas, onde a brancura do sal e os seus respectivos marnotos (salineiros) conferem à cidade uma particular beleza e uma paisagem ainda mais especial, aliada ao canal central (laguna), a atravessar Aveiro, dividido em vários canais, com barcos moliceiros e pontes, a contribuir para que a cidade seja conhecida pelo sugestivo nome de Veneza de Portugal.

 

Soledade Martinho Costa

 

Do livro «Festas e Tradições Portuguesas», Vol IV

Ed. Círculo de Leitores

 

publicado por sarrabal às 02:57
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Sábado, 11 de Maio de 2013

METAMORFOSE - OU OUTRA «ALICE NO MUNDO DO ESPELHO»

 

Olhei a imagem reflectida no espelho.

 

Não me reconheci.

 

Nesta caminhada

A que a vida me obrigou

Onde

Descalça e nua

Me perdi?

 

Atravessei o cristal

E ouvi pronunciar

As sílabas que vestem o meu nome.

 

Lá estavam os campos da minha infância

As folhas dos plátanos ao alcance da minha mão

A fonte antiga com degraus de pedra

O rio ao lado dos meus passos

A murmurar a mesma límpida canção.

 

Vi rostos que deixaram de morar

Do lado de lá do espelho

Repeti nomes

Revi ruas e casas

Bebi a paz e a calma

Dei abraços

Distribui beijos

Soltei saudades amealhadas

Como um tesoiro guardado na alma.

  

Encostei o coração

Ao tronco das árvores

Corri pelos descampados

Livre e sem medos

Debrucei-me sobre as flores silvestres

E contei-lhes segredos.

 

Escutei ao longe o ladrar dos cães

Vi os lagartos na quentura das fragas

Na distância que encerra

Paisagens e memórias

Aspirei o pulsar da terra.

  

A sentir sob os pés

A frescura lisa das pedras

Atravessei regatos

Percorri atalhos

Embrenhei-me por veredas

Trilhos e matos.

 

Como da vez primeira apaixonei-me

Pela estrada que se oferecia à minha frente

Limpa de mágoas e receios

E sonhei de novo a ternura da espera

No botão a despertar no rubro da roseira.

 

Envolta na carícia desenhada pelo vento

Era eu, ali, reencontrada, inteira:

 

A escrever um poema

À procura das palavras                         

A olhar o céu

A aprender o trinado das aves

A recordar o nome dos lugares

A redescobrir sítios inesperados

A adivinhar os gestos para lá dos muros.

 

Mas a neblina veio no seu manto de cinza

E cercou o meu reduto

Escondeu do meu olhar

Os locais amados

E os sons passaram a ser escuros.

 

Aos poucos

O dia adormeceu sobre o afecto das coisas

E nasceu uma noite de há muito pressentida.

 

Tacteei uma saída

Só encontrei a frieza do espelho.

 

Voltei a atravessá-lo

Como um arrepio numa tarde de Verão.

 

Já sem estranheza

Já sem espanto

Compreendi então que nos anos vividos

Se constrói a palavra mutação.

                                                                                                       

Talvez eu seja, afinal

Igual à gota de chuva, além no mar 

A semear o pranto num lamento

Para voltar a ser outra vez nuvem 

No seu corpo de tule                                                      

Como um corcel a galopar o tempo

Embora desconheça o seu rumo no azul.

 

 

Soledade Martinho Costa

 

 

publicado por sarrabal às 22:53
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