Neste dia de versos e poetas
Quer se tenha ou não tenha
Qualquer jeito
A todos louvo.
Num verso ou num poema
Despe-se a alma
Por gosto e por direito.
Se a poesia é o pão
Que mata a nossa fome
A febre que se sente e nos consome
É dizer que a palavra é o sustento
É a frescura que veste o nosso corpo
E o espelho onde se lê o pensamento.
Ser poeta é procurar no sonho a perfeição
Olhar, com olhos de ver, a realidade
E transformá-la em denúncia, revelá-la
A bem da justiça e da verdade.
Ser poeta é desnudar-se no poema
É este jeito de nascer assim
Sem se chegar a adivinhar qual o porquê
É respirar e morrer neste segredo
Neste reduto perfeito ou imperfeito
Neste casulo que envolve a nossa mão.
É ser a voz dos outros
Dizer o que outros calam
É ser a arma, o fogo, a força da razão
Desafio, desejo, desabafo.
Por vezes berço, telha, tecto, casa
Saudade, mágoa, temor ou ilusão
Mas ter nos olhos o voo de uma asa
Que se desenha no azul do céu.
É ser o vento que sopra a nossa fala
O rio que leva no seu leito
O amor, um sorriso, a nostalgia, um beijo
A revolta, a renúncia ou um desejo.
Ser poeta
É saber as mil e uma coisas que nos fazem
Ter um caminho diferente em nossa estrada
É olhar bem no fundo das palavras
E torná-las com o fulgor que têm as estrelas
O gume de uma espada.
É respirar a certeza que sentimos
De voltar à vida se morremos
Ao escrever um poema ou um só verso.
Neste dilema discorde e controverso
Salva-nos a ilusão em que vivemos
Não sei se por virtude ou por defeito
De sermos os donos da palavra
E ter a Primavera acesa em cada peito.
Soledade Martinho Costa
Ontem
Eram de musgo negro os muros
De vidro
As paredes das casas
De penhora
Os olhares na penumbra dos passos.
Mas a voz fez ouvir a palavra
A mão teceu um terminal de luz
Em plenitude
O Homem resgatou o sonho.
Hoje
Veste-nos de novo
A música ressurgida nos ouvidos
O retrato
Respirado na memória dos olhos.
A consciência do bafo Interminável da demora
Dorme a nosso lado
Segue os nossos passos hora a hora.
Mas amanhã
A lágrima virá
Em alegria de pétalas da sombra.
O mar e a terra
Coniventes
Tragarão a tempestade e a dúvida.
E este pulsar
De forças insuspeitas renascido
Este bater de um coração
Renovado de seiva na raiz
Será, então
Uníssono
Inteiro
Articulado
O coração refeito
De um País.
Soledade Martinho Costa
Luís Represas
Mais uma vez vos deixo com a música e a voz de Luís Represas, agora no meu poema «E Foi Dezembro». É verdade que o Inverno já passou, talvez por isso a canção nos fale da Primavera...
Pertence ao CD «Cumplicidades» e foi um dos primeiros vídeos que fiz.
Por lapso, não mencionei que o vídeo anterior, «Ando em Busca das Palavras», pertence ao CD «Fora de Mão».
Obrigada, Luís, pela bela música que fez e pela sua excelente interpretação.
Soledade Martinho Costa
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