Quinta-feira, 28 de Janeiro de 2010

SEGREDOS - FRANCISCO LYON DE CASTRO - O PATRIARCA (II)

 

Conhecia o Editor Francisco Lyon de Castro apenas de o ver na Televisão ou de ler as suas entrevistas nas revistas ou nos nos jornais. No dia do nosso encontro, assim que chegou, cumprimentou-me estendendo a mão: «Soledade Martinho Costa?», inquiriu. Senti-lhe a força, o poder, a plenitude da sua energia. E logo outra pergunta, directa, incisiva, com laivos de autoridade: «Que me diz da literatura infantil estrangeira?». Só tive uma resposta: «Julguei que vínhamos falar da literatura infantil portuguesa.» Mal acabei a frase. Volta a estender-me a mão: «Tive muito prazer.» e saiu do gabinete.
 
Virei-me para o sobrinho, Eduardo Lyon de Castro: «Acho que estraguei tudo.» disse. Respondeu: «Talvez não.» E tinha razão. Dois ou três dias depois, novo telefonema. Agora o encontro seria com Tito Lyon de Castro, filho do Editor.
 
Desta vez não houve atritos. Queriam fazer-me um convite: reeditar os livros por mim publicados em edição de autora, ficando a seu cargo a distribuição dos exemplares ainda existentes. Foi-me entregue um contrato para ler e assinar. Levei-o à Sociedade Portuguesa de Autores. Foi lido e aprovado por Luís Francisco Rebelo, nessa altura presidente da SPA. No contrato ficava obrigada a entregar na editora os originais que viesse a escrever. Daí, ter todos os meus livros para crianças publicados na Europa-América – treze títulos originais, quatro álbuns adaptados da literatura universal (a pedido da Editora) e outros três reunindo contos de todo o mundo (por proposta minha). De fora ficaram uma peça de teatro (Figueirinhas), um livro cujos direitos de autora ofereci ao CEBI (instituição de solidariedade social existente em Alverca do Ribatejo) e outros quatro, numa edição exclusiva para a Fundação Calouste Gulbenkian.
 
Mas não se pense que o episódio com Francisco Lyon de Castro foi o único. Não. Seguiram-se mais dois. Um deles, devido a uma palavra que apareceu na reedição de um dos meus livros, escrita de maneira diferente daquela que usei. A «discussão» meteu dicionários. Lyon de Castro chegou ao ponto de me dizer: «Acabou-se. Já não publico mais nada seu!» Mas a minha opinião prevaleceu. Eu tinha razão. Deu-ma no último telefonema que trocámos nessa tarde. Na reedição seguinte a palavra havia sido corrigida.
 
Com a entrada de um jovem português vindo de Inglaterra para ocupar o cargo de revisor literário na editora, surge nova «tempestade». Agora com «granizo, trovoada e ventos ciclónicos» (principalmente, da minha parte)! Muitos dos meus textos tinham sido alterados, apresentando o trabalho várias falhas, graves e abusivas. «Sabe o que implica o que me pede?» perguntou. Respondi: «Em qualquer obra literária, não se toca nem numa vírgula sem a autorização do autor». Foi assim que os livros já distribuídos, de uma tiragem de seis mil exemplares, foram retirados das livrarias para serem corrigidos. Prejuízo sim, mas salvou-se a obra e o meu nome. Francisco Lyon de Castro foi exemplar.
 
Estabeleceu-se entre nós grande amizade. Convidava-me para almoçar, ou para «conhecer» alguma nova máquina adquirida para a Gráfica Europam. Sentei-me à sua mesa, com a esposa, Euníce, a seu convite, em Tróia num jantar de escritores, e no jantar de encerramento de um dos Congressos de Escritores Portugueses. Fui uma das pessoas presentes, entre meia dúzia de convidados, no almoço que ofereceu, quando completou oitenta anos. E no jantar dos quarenta anos da Editora, que se realizou na FIL. Presente estive também em todos os lançamentos importantes, com a chancela das PEA, quase todos efectuados no Hotel Tivoli.
 
Quando lhe fiz a proposta para iniciar uma colecção de autores portugueses para a infância, aceitou. «Uma lança em África!», afirmou alguém. Foram editados Maria Rosa Colaço, Pedro Alvim, Maria Eugénia Neto, Alice Vieira e José Jorge Letria. Os ilustradores foram Teresa Dias Coelho, Catarina Rebelo. António Domingues e Filomena Coquenão. Para minha pena, a colecção acabou devido ao facto de os livros «não atingirem o número ideal de vendas».
 
Francisco Lyon de Castro deu-me todo o apoio quando da minha «luta» nos jornais (e por outros meios) visando a representação de muitos escritores portugueses (alguns galardoados), marginalizados das bibliotecas das escolas do Ensino Básico.
 
Um dia, disse-me: «Estou farto que todos digam que é preto, se digo que é preto, quando é branco!» E de uma outra vez, com orgulho: «Na minha editora nunca houve uma greve. Por alguma razão será, não acha?».
 
Eu achava. O funcionamento e a disciplina provinham de toda a capacidade e dinâmica de um homem exigente, atento, empreendedor. Mas que também demonstrava respeito e amizade pelos seus colaboradores e funcionários. Mandara fazer nas instalações da Editora uma cantina, onde tomavam diariamente refeições cerca de duzentas pessoas. O transporte para parte delas era assegurado por dois autocarros, adquiridos para esse fim – regalias que Lyon de Castro tinha orgulho em referir.
 
Numa das suas livrarias, assisti ao seguinte: estávamos no fim do dia e as caixas tinham encerrado. Lembro-me que tivemos uma reunião para decidir pormenores da minha colecção «Quatro Estações». Francisco Lyon de Castro precisou de uma esferográfica. Retirou-a de uma das prateleiras, viu o preço, dirigiu-se à caixa da entrada, escreveu um papelinho para a funcionária, quando chegasse na manhã seguinte, e colocou por cima dele o dinheiro da compra da esferográfica. Disse-me: «Tem de ser assim, para dar o exemplo».
 
Opositor do regime de Salazar, foi preso várias vezes, tendo passado pelas cadeias do Aljube, Peniche e Caxias. Deportado para a ilha açoriana da Terceira, cumpriu ali, na Fortaleza de São João Baptista, uma pena de cerca de cinco anos. Depois do 25 de Abril, ocupou cargos públicos de vulto, recusando receber remuneração. Em 1975 é condecorado com a Ordem Nacional de Mérito da França, pelo Presidente François Mitterrand, e com o grau de Comendador da Ordem da Liberdade, pelo então Presidente António Ramalho Eanes. No ano 2000 recebe do Governo francês o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras. Morre em Abril de 2004 com oitenta e nove anos.
 
Era este o meu Editor. Era este o meu Amigo. Foi esta a homenagem que resolvi prestar-lhe neste blog. Pena serem somente as palavras de uma simples crónica. Francisco Lyon de Castro merecia muito mais. Tudo ficou por dizer. Deixo-lhe a minha admiração e a minha saudade. Para sempre.
 
Soledade Martinho Costa
 
                                 
         
publicado por sarrabal às 15:29
link | comentar | ver comentários (12) | favorito
Domingo, 24 de Janeiro de 2010

SEGREDOS - FRANCISCO LYON DE CASTRO - O PATRIARCA (I)

  

Comecei a escrever para crianças (depois do meu primeiro livro de poesia) por sugestão de Isabel da Nóbrega, na altura companheira de José Saramago, também ela autora para a infância. Em conversa, na Associação Portuguesa de Escritores, disse-me: «Porque não começa a escrever para crianças? Somos poucos (nem seriam) e os livros infantis são tão importantes!»

 

Segui o conselho. Em casa escrevi para os meus filhos. Resultou. Continuei a escrever e já com dois textos terminados (elaborei uma colecção) resolvi contactar a Editorial Verbo. Fui recebida por Manuela Couto Viana, por essa época a dirigir as várias colecções infantis da Editora. Que sim, o trabalho agradava, mas teria de esperar algum tempo. Eu tinha pressa. Queria ver os dois primeiros livros editados (os restantes viriam depois). Para um autor, esperar é um castigo. Recusei. Manuela Couto Viana alertou: «Ainda vai arrepender-se. A Verbo é uma grande Editora.» E era. E arrependi-me.
 

Procurei a Plátano Editora, nesses anos voltada para a literatura infantil. Aqui, foi António Torrado quem me recebeu. Ao passar os olhos pelos textos e posto ao corrente da minha ideia, mostrou grande interesse. Marcou-se a data para a publicação e fiquei de assinar o contrato – que começou a tardar em vir parar-me às mãos.
 
Uma vez mais na Associação Portuguesa de Escritores, ao falar neste projecto, um dos presentes avisou: «Tenha cuidado. A RTP iniciou um programa para crianças parecido com a sua ideia. Veja!» E vi. E chorei. 
 
Tratava-se do Fungagá da Bicharada. E ouvi, na voz de Júlio Isidro, os meus textos, ditos na íntegra, em mais do que um programa – sem o nome do seu legítimo autor: o meu!
 
Apresentei queixa na Sociedade Portuguesa de Autores. Fui ao Lumiar na intenção de falar com o director do Departamento de Programas Infantis e Juvenis da RTP. Quem era ele? António Torrado! Não merecia a pena voltar à Plátano.
 
O programa foi suspenso durante semanas. Os meus textos encontrados numa das gavetas da secretária de Torrado: os do primeiro livro, que serviram ao programa, e os do segundo, já destinados para um programa diferente, também ele apresentado por Júlio Isidro. Os meus textos, a minha ideia, tinham «voado» da Plátano para a RTP! Manuela Couto Viana bem me avisou…
 
Fiquei tão decepcionada com os editores (constatei depois que nem todos eram desonestos), que optei por fazer uma edição de autora. Escolhi a Parceria A. M. Pereira para minha distribuidora.
 
As coisas correram bem. Publiquei três títulos da colecção e outros dois que não faziam parte dela. Sozinha, tratava de tudo: ilustrações (a cargo de José Cosme e Zé Manel), escolha de papel, tipo de letra, formato do livro, revisão de provas, acompanhamento do trabalho na gráfica, até me chegar às mãos o objecto ambicionado: o livro. 
 

Por esses anos, a FIL organizou uma exposição dedicada ao livro infantil e juvenil. A minha distribuidora não tinha pavilhão na FIL. Não hesitei. Telefonei para as Publicações Europa-América. Falei com o director dos Serviços Comerciais, Eduardo Lyon de Castro. Expliquei-lhe que pretendia colocar os meus livros num dos seus pavilhões, caso concordassem. Veio a pergunta: «Vem da parte de quem?» Respondi: «Da parte de ninguém. Os meus livros vendem bem nas vossas livrarias, daí a ideia.» Iria informar-se e depois dar-me-ia uma resposta.
 
Dias volvidos, um telefonema. Eduardo Lyon de Castro (com o tempo um bom amigo) convidava-me a entregar dez exemplares de cada título – nessa altura tinha publicado cinco.


Pouco tempo depois, voltou a telefonar-me. Marcámos um encontro na FIL. Até aí eu não conhecia pessoalmente Eduardo Lyon de Castro. Achei-o uma simpatia: afável, simples, um homem bonito. Todos os meus livros, informou-me, haviam sido vendidos. O facto de não serem uma edição da Europa-América tinha suscitado alguma surpresa – mais precisamente, originado algumas visitas ao pavilhão: «Porquê os livros da Soledade aqui?» E a explicação: «Porque a Editora assim o entendeu.» Fizemos contas. Recebi dinheiro.
 
Umas duas semanas volvidas, novo telefonema. Desta vez, tratava-se de um convite: uma reunião com Francisco Lyon de Castro, o fundador das Publicações Europa-América. No dia do encontro, Eduardo (sobrinho do grande patriarca da Editora), esperava-me à porta da livraria da Marquês de Tomar.

         

                                               Soledade Martinho Costa

                                

                                                              

                                                        

                                                                        Ilustração de Zé Manel

 

 

publicado por sarrabal às 18:27
link | comentar | ver comentários (2) | favorito
Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2010

CONVERSA COM VERSOS - O GATO E O RATO

 

 

                                                 O ratinho, do buraco 

                                 vê o gato à sua espreita.
 
                                 - Senhor Rato, caro amigo!
                                 Mia o bichano manhoso.
                                 Venha daí à despensa
                                 comer um pouco de queijo.
                                 Sabe, já tenho saudades
                                 há muito que não o vejo!
 
                                 O rato, no buraquinho
                                 deita o focinho de fora:
 
                                 - Para mim é um prazer
                                 acompanhá-lo em passeio!
                                 Diz ele como resposta.
                                 Mas a sua gentileza
                                 merece, senhor Tareco
                                 que lhe faça uma proposta.
 
                                 Logo o gato estende as patas
                                 de veludo, sorrateiro.
 
                                 - Antes de irmos à despensa
                                 comer o queijo da serra
                                 entre aqui no meu buraco
                                 e sente-se à minha mesa!
 
                                 E remata, zombeteiro:
 
                                 - O meu amigo não sabe
                                 mas nunca aceito um convite
                                 sem que eu o faça primeiro!
 
                                 Rodou o gato nas patas
                                 de volta para a cozinha
                                 e o rato, mais descansado
                                 foi dar a sua voltinha.
               
 
Soledade Martinho Costa
 
                                   
Do livro «A Festa na Capoeira»
Ed. Vela Branca
 
publicado por sarrabal às 17:12
link | comentar | ver comentários (2) | favorito
Quinta-feira, 7 de Janeiro de 2010

COISAS DA VELHA DO ARCO - «ACABOU-SE O AMENDOIM!»

  

Acontecia de vez em quando. Acontecia quanto menos se esperava. Até que começou a esperar-se que acontecesse.

 
Inesperadamente, do lado de fora da sala de aula, o rosto do garoto aparecia emoldurado pelo aro da janela. Os alunos ficavam desassossegados, desatentos às palavras da professora. Olhos fitos na janela aguardavam o início das momices, dos esgares, das caretas, das «palhaçadas» que costumavam presenciar, quais espectadores sentados numa plateia diante de um palco onde um único actor, por mímica, era o ponto central de toda uma encenação que os fascinava pela ousadia. Pelo desafio. Pela «arte» de os fazer rir.
 
Ora escondia o rosto, baixando-se, para logo reaparecer em «cena». Ora entortava os olhos ou fazia súplicas com as mãos olhando o céu. Sempre sem uma palavra. Conforme aparecia, assim desaparecia do recorte da janela.
 
Mais de uma vez a professora saiu, interrompendo a aula, dirigindo-se ao recreio para onde davam as janelas da sala. Mas nem por uma vez conseguiu apanhar o garoto. Vê-lo, sequer. Ao aperceber-se de que a professora ia no seu encalço, ei-lo a desaparecer como o fumo.
 
Quem era? Conheciam-no? Era colega? Viam-no no recreio? Pertenceria a outra escola? Que não, que não sabiam. Não o conheciam. No recreio também não o viam. Talvez fosse de outra escola, sim.
 
Num desses dias de «espectáculo», um dos alunos, sentado mais perto da janela, gritou-lhe: «Macaco!» O outro riu. Fez mais umas momices e, tal como apareceu, desapareceu, lesto na manha, na perspicácia e no atrevimento, como se o chão o tivesse engolido.
 
A professora fez algumas diligências no sentido de saber quem era o garoto. De nada resultou.
 
Habituados já à presença do «actor», os alunos, para arrelia da professora, começaram por olhar, de vez em quando, a janela à espera de verem o rosto conhecido. Pouco atentos. Na expectativa. Na esperança de se divertirem. De terem o ansiado momento de pausa sempre apetecida. Mas nem sempre acontecia. Quem sabe se o «actor» não teria agendadas outras actuações?
 
Aconteceu certa manhã. A janela estava aberta quando o rosto do garoto assomou, repentinamente, por ela. Instalou-se o silêncio entre os alunos. O rosto que viam não era o mesmo. Onde a liberdade do riso? Das momices? Da traquinice?
 
Desta vez, do lado de fora da janela, o garoto olhou as outras crianças e falou. Pela primeira vez falou. Voz soluçada, molhada de lágrimas na alma e no rosto: «Que querem vocês, hein?! Acabou-se o amendoim, ouviram? Acabou-se o amendoim!»
 
A turma não riu. Surpresos, olhavam o garoto com fama de engraçado. As coisas tinham mudado. Havia infelicidade naquele rosto e naquelas palavras. A professora levantou-se. Correu para a porta. Tentou chamar a criança. Mas aqueles olhos, brilhantes de lágrimas mal contidas, rápidos, tal como haviam surgido, assim desapareceram do recorte da janela. A professora não conseguiu localizá-los.
 
Desde esse dia, o «actor» desconhecido não voltou a interromper a aula. Anos volvidos, alguns dos ex-alunos continuam a guardar na memória dos olhos as suas momices e as lágrimas com que se despediu.
 
Soledade Martinho Costa
 
                                                  
 
publicado por sarrabal às 01:16
link | comentar | ver comentários (8) | favorito
Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2010

OS TRÊS REIS MAGOS - TRADIÇÃO E LENDA

 «Adoração dos Reis Magos», Andrea Mantegna, J. Paul Getty Museum, Los Angeles.

 
Segundo São Mateus – o único entre São Marcos, São Lucas e São João que narra o episódio dos Magos no Evangelho –, os três Reis Magos terão tido uma conversa com Heródes, que não se repetiu, visto, em sonhos, terem sido avisados para o não tornarem a fazer.
 
Conforme a tradição, ao chegarem a Jerusalém, os três Reis Magos não hesitaram em perguntar na corte de Heródes pelo recém-nascido Rei dos Judeus. Pergunta que a todos surpreendeu e sobressaltou. Informados pelo próprio Heródes de que o Menino se encontrava em Belém, para lá se dirigiram, levados, de novo, pela estrela que os havia conduzido até à capital de Israel. Estrela que tinha desaparecido e voltado a surgir, para levá-los, agora, até à humilde casa onde, perante um modesto berço, depositaram os seus presentes.
 
Essa terá sido a conversa a que se refere São Mateus. Quanto ao aviso dos sonhos, apontava para que os Magos «regressassem às suas terras do Oriente, pelo vale e campo dos Pastores, atravessando o rio Jordão, perto da foz, no Mar Morto, de modo a evitar o caminho da capital, pois Heródes tencionava matá-los».
 
Como se sabe, foi Heródes Antipas, tetrarca da Galileia, quem julgou e condenou Jesus Cristo – que lhe fora mandado para esse fim por Pôncio Pilatos –, embora sabendo que Jesus Cristo não era culpado de crime algum.
 
Para fazer compreender aos judeus que lhes deixava a responsabilidade pela morte de Jesus, Pilatos mandou vir água, nela lavou as mãos e disse: «Estou inocente da morte desse homem.» Resultando dessa frase a expressão «lavo daí as minhas mãos», sempre que alguém declina responsabilidades face a determinado acto.
 
E foi por caminho inverso àquele que os levou até Jerusalém, que os três Reis Magos regressaram aos seus países de origem, para depois mais honrarem e glorificarem a Cristo, pregando e transmitindo a sua fé aos respectivos povos.
 
A LENDA
 
Quando o imperador do Sacro Império Romano-Germânico Frederico Barbaruiva destruiu Milão em 1154, os seus habitantes encontraram entre as ruínas da Igreja de Santo Eustórgio «três urnas rodeadas por um círculo de oiro, contendo três corpos perfeitamente conservados».
 
Logo o arcebispo de Colónia os reconheceu como sendo os dos três Reis Magos, cujos restos mortais haviam sido reunidos na Catedral de Santa Sofia, em Constantinopla, por empenho de Santa Helena, mãe de Constantino, o Grande, imperador que ajudou a consolidar o Cristianismo como religião do Império Romano, tendo mandado publicar, em 313, o Edicto de Milão, a favor dos seguidores da religião nova.
 
Os corpos terão sido, posteriormente, retirados da Catedral e concedidos, como dádiva, a Eustórgio, bispo de Milão, em cuja igreja, no meio de destroços foram, então, encontrados.
 
Transferidos de Milão para Colónia, diz-se que uma das vacas que puxava o carro que transportava as preciosas urnas, foi atacada e morta por um lobo durante o trajecto. Evocado Santo Eustórgio, logo a fera, docilmente, tomou o lugar do animal morto, permitindo, assim, a continuação da viagem. Afirma-se ainda que «por onde o cortejo passava, logo ali aconteciam milagres».
 
Soledade Martinho Costa
  
                                       
                  
                                       Relíquias dos Três Reis Magos, Catedral de Colónia.
 
publicado por sarrabal às 00:27
link | comentar | ver comentários (6) | favorito
Terça-feira, 5 de Janeiro de 2010

LEMBRAR LUIZ PACHECO

2 anos após a sua morte.

SMC

publicado por sarrabal às 00:02
link | comentar | favorito

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
14
15

18
19
20
21
22
23

24
25
26
27
28
29
30

31


.posts recentes

. ANIVERSÁRIO DA MORTE DE N...

. VARINAS

. VERSOS DIVERSOS - O CONSE...

. LEMBRAR ZECA AFONSO - 37 ...

. ALENTEJO AUSENTE

. A VOZ DO VENTO CHAMA PELO...

. CARNAVAL OU ENTRUDO - ORI...

. FIAR A SOLIDÃO

. REGRESSO

. PASTORA SERRANA

. MEU FILHO

. 20 DE JANEIRO – SÃO SEBAS...

. UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM...

. «AS CRIANÇAS DA GUERRA»

. NOVO ANO DE 2024

. AS «JANEIRAS» E OS «REIS»...

. DIA DE REIS - TRADIÇÕES

. NATAL 2023

. NATAL - O DIA SO SOL

. AS QUATRO MISSAS DO NATAL

.arquivos

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Agosto 2023

. Julho 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Maio 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Março 2020

. Novembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Março 2019

. Fevereiro 2019

. Dezembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Julho 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Abril 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Outubro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

.links

blogs SAPO
Em destaque no SAPO Blogs
pub