Por mais que procure, não encontro uma única palavra que exprima melhor, com mais rigor, com mais exactidão, o que sinto neste momento. No momento em que escrevo estas linhas. Refiro-me à palavra tristeza. Àquela que significa tristeza profunda. Desejava encontrar uma outra, que não esta, por achá-la, nesta hora, tão vulgar, tão ouvida, tão sem peso para expressar a minha mágoa, o meu pesar, as minhas lágrimas, a minha saudade – e a minha surpresa, o meu espanto, a minha perplexidade, o meu desgosto. Mas não encontro outra que a substitua. É, portanto, essa a palavra que deixo aqui: tristeza.
Para dizer que num curto espaço de tempo (alguns meses) fiquei sem três dos meus maiores amigos. Amigos da adolescência, da juventude, de toda a minha vida. Amigos de sempre e para sempre.
Rendo a minha homenagem a esses três nomes, que fazem parte das minhas recordações. Do tempo que passou e do tempo presente. Três jovens (bonitos), hoje três homens, que souberam passar pelo Mundo com a dignidade, a integridade, a rectidão – e também o amor e o afecto que souberam distribuir por todos quantos lhes estavam perto ou longe.
Bons filhos, bons maridos (dois deles casaram com amigas minhas pertencentes ao mesmo grupo de amigos), bons pais e também bons avós de netos pequenos. Todos eles, entre si, amigos verdadeiros desde a infância. Podiam ter vivido muitos anos mais. O destino não quis.
Que posso acrescentar, além da palavra tristeza que me vem acompanhando, diariamente, ao longo de toda esta semana? Como posso exprimi-la de outra forma, que não seja esta: tão vulgar e tão simples?
Fernando Faria, Telmo de Oliveira e Rui Costa e Sousa. Meus amigos do coração. O vosso parou de bater com pouco tempo de diferença entre cada um de vós. O meu continua a bater por vocês. E continuará a bater sempre, até Deus querer. Amigos leais e unidos até na morte, que cedo os juntou.
Fica a lembrança dos bons momentos, as boas recordações, os risos da juventude, o convívio diário, as festas, os passeios, a amizade entre todos – quando Alverca do Ribatejo era uma pequena vila – e mesmo depois, porque o tempo passa e tudo muda na vida de cada um.
Nas fotos que revejo (e tantas são) só encontro nos nossos rostos juvenis sinais de alegria. A alegria de um grupo de jovens, rapazes e raparigas, sem ter havido, nunca, entre todos, por uma única vez, um desentendimento, uma zanga, um amuo, por mais pequeno que fosse. Fomos (e continuamos a ser) exemplares. Os nossos pais orgulhavam-se disso. Nesses anos, só não sabíamos, ainda, o significado da palavra tristeza.
Há pouco olhei o céu. É bem possível que mais três estrelas brilhem nele. Esta foi a maneira que encontrei de vos lembrar. Que descansem em paz, queridos amigos!
Soledade Martinho Costa
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